Começou a grande festa. O desfile em vermelho e preto arrebata a multidão que se aglomera na avenida reformada para testemunhar o grande ato.
O folião, à sua maneira, declara com vestes e acessórios a alegria de fazer parte do inebriante enredo. “Carne Vale”, mas não vale esmorecer. A entrega é quesito nota dez na tradição de nossa escola. O estandarte não é de ouro. O ouro carrega em si mesmo o valor. Neste bloco, valioso é quem carrega a bandeira, quem marca o ritmo e a evolução, talabarte a tiracolo, batendo na pele do surdo, embalando a multidão.
Quando explodem em luz os holofotes da passarela, eis que surgem, em alas perfeitamente organizadas, os grandes artistas do espetáculo. Os primeiros a irromper da escuridão do túnel são os bate-bolas da defesa. Conhecidos por assustar quem deles de aproxima com a bola, protegem nossas redes da intrusão indesejável do adversário.
Logo em seguida, demonstrando perfeita harmonia, surgem os arlequins do meio de campo – personagens indispensáveis ao festejo. Com sua esperteza, insolência e agilidade, fazem confundirem-se os concorrentes que, ao se darem conta, estão buscando a bola dentro do gol.
Para chegar lá, a redonda precisa passar pela última ala: a dos reis momos do ataque. Eles são os responsáveis por divertir. Com seus gols fazem tremer as estruturas montadas e cumprem o seu desígnio como portadores das chaves de nossas emoções.
Tudo se passa num pequeno espaço de tempo. No fim, remanescem a ressaca e as cinzas – restos memoráveis do êxtase experimentado coletivamente. Confetes e serpentinas revoam sob as ordens do vento que limpa o palco anunciando as cenas do próximo confronto.
Muito em breve, tudo recomeça e o desfile rubro-negro leva seus quarenta milhões de foliões a revisitar os campos da mais profunda e indescritível alegria.
Que em 2014 o carnaval vermelho e preto, empunhando a flâmula da responsabilidade e do resgate da credibilidade, abra as alas para o campeão passar.
Aos leitores desta coluna, feliz carnaval!
FLAVIEW