Shamell não fugiu da decisão da Liga das Américas contra o Flamengo. Na véspera da partida, já havia avisado que o barulho da torcida da casa só colocava mais “gasolina no fogo” e o motivava. Em quadra, o americano anotou 25 pontos, terminou como o cestinha da decisão no ginásio do Maracanãzinho, mas não comemorou o bicampeonato consecutivo e inédito do Pinheiros. O título ficou com o Flamengo, que venceu por 85 a 78, com Shamell tendo uma bola importante para mudar o rumo da partida nos segundos finais, mas desperdiçando o lance. Para o ala, que não foge da responsabilidade, o peso da derrota não ficou apenas em sua falha. Também esteve na arbitragem. Tomando cuidado com as palavras, o jogador acredita que a arbitragem teria favorecido o Flamengo, que acabou campeão.
– O jogo foi bom, brigamos até o último minuto. Tive uma bola, esqueci que era de três pontos e não de dois. Eu ia chutar, e não deu certo. Parabéns para o Flamengo, mas em alguns lances, um aqui, outro ali…Fiquei um pouco triste, eu não gosto quando o árbitro apita o jogo. Faltando dois minutos, deixe os jogadores decidirem. O Flamengo chutou os últimos cinco, seis lances, no lance livre. Não pode ser assim. Eu acredito muito que é assim que deve ser. O jogo estava 70 a 70, deixem o jogador decidir. Os dois times tentando marcar, defendendo. Isso foi visto. Não tem como jogar, mas lutamos até o último minuto. Não podemos jogar toda a culpa nos árbitros, o Flamengo tem seus méritos, mas saio um pouco triste – desabafou Shamell.
O americano, porém, não joga a toalha. Em segundo lugar no Novo Basquete Brasil, atrás justamente do Flamengo, que lidera, o ala se diz ansioso por um próximo duelo contra os Rubro-Negros, quem sabe, em uma final ou em um jogo decisivo dos playoffs. Shamell quer o troco.
– Te digo, estou muito ansioso por isso. E motivado. Ficou engasgado. Temos o NBB pela frente ainda. Amanhã fecha a página, vira essa página da Liga das Américas, e vamos pensar no NBB, onde ainda podemos nos encontrar – garante o ala americano.
Já o pivô Rafael Mineiro, um dos mais tristes com a derrota, não usou o mesmo discurso de Shamell. Para ele o time precisa focar no NBB, mas sem pensar em um troco no Flamengo, para não se perder nas provocações e errar dentro de quadra.
– Pode ser que esse jogo aconteça de novo, mas não podemos pensar em troco, por que podemos até entrar nervosos em um possível jogo. Temos que esfriar a cabeça, pensar nos próximos adversários do NBB. É colocar a cabeça no lugar e não pensar em nada com relação a isso – diz Rafael Mineiro.
Mortari é mais político
Na sexta-feira, depois da vitória sobre o Halcones Xalapa, que garantiu o Pinheiros pela segunda vez seguida na final da Liga das Américas, o técnico Claudio Mortari era só emoção. Ele não conteve as lágrimas. O bicampeonato consecutivo, o que seria inédito, não veio. Mesmo assim o treinador elogiou seu grupo, lembrou que o Pinheiros jogou “contra tudo e contra todos”, e frisou que seu time teve a bola para decidir, mas falhou.
– Somos fortes e saímos ainda mais fortalecidos daqui. Enfrentamos tudo e todos. Éramos 15 contra todos. Não que o Flamengo tenha usado disso para vencer o jogo. Mas quando você joga em seu ambiente é bem diferente. Mas a equipe foi bem, calou a torcida, deu um susto, provou que é boa. Tivemos a bola para decidir, erramos, e jogo de basquete é isso. Se decide por circunstância, e os deuses da quadra quiseram que fosse o Flamengo, e está muito merecido – disse o técnico Claudio Mortari.
Fonte: GE