Quem torce pelo Flamengo nasce predestinado à vitória. Com ela, a alegria inconfundível se revela nos sorrisos de que não se distinguem a classe ou o credo. E elas não vêm apenas dos gramados, mas das águas rasgadas por remadores, das piscinas, dos tatames, das barras assimétricas… Em todas as modalidades desfilam talentos incontestes que ajudaram a escrever um história de tantas glórias.
Seu último capítulo culminou na conquista inesquecível da Liga das Américas pelo excelente time de basquete masculino rubro-negro. O quinteto, liderado pelo lendário ala-armador Marcelinho Machado e repleto de craques da bola laranja, venceu todas as partidas que disputou e levantou a taça inédita diante de dez mil torcedores no Maracanãzinho.
Mas o que isso tem a ver com futebol? Com futebol, nada. Tem a ver com Flamengo. Diz tudo sobre o espírito que deve encarnar em qualquer atleta que tem o privilégio de vestir o manto sagrado vermelho e preto. É o exemplo perfeito a ser seguido pelos que evocam a mística e a tradição do clube com palavras vazias de conteúdo. Pelos que se perdem na inebriante vida do dinheiro fácil, vivendo vida de rei esquecendo de onde vem o ouro de sua coroa.
Era visível na expressão dos rostos, no suor dos músculos que faziam flutuar na quadra os gigantes campeões, na força dos olhares. Era óbvio para onde todos olhavam. Um time unido, bem treinado, organizado. Homens que compreenderam desde cedo a força magnetizante de uma multidão de apaixonados torcedores.
No basquete não se ouve falar de noitadas regadas a álcool. Os jogadores estrangeiros não precisam de anos para se adaptarem ao estilo de jogo brasileiro. Quem entra, veste a camisa e joga. Joga muito. Ninguém reclama de treino. O salário já atrasou. A solução: Corpo mole? Nunca. Jogar melhor, vencer para atrair os patrocinadores e, por conseguinte, a renda para o pagamento justo de seus esforços – eis o que escolheram fazer.
Para ganhar as Américas, não tem mágica. Não basta querer. Desde 1981, nunca deixamos de querer. Faltaram homens com sangue nos olhos, atletas cientes do significado de ter como segunda pele nossas cores. Enquanto o foco, ao invés da bola forem os brincos, o topete, as redes sociais e o modelo do carro, os títulos darão lugar à decepção e à frustração de uma nação acostumada com as vitórias.
Mirem-se no exemplo, “boleiros”, dos nossos verdadeiros campeões. Oscar e Zico não conquistaram a realeza em um nem dois anos. Foram milhares de cobranças de falta e arremessos de três pontos em treinos exaustivos que os levaram ao topo da pirâmide em suas atividades. O suor, não o gel no cabelo, os fizeram gigantes. Parabéns, basquete rubro-negro, vocês são responsáveis pelo orgulho e pela alegria que tenho de torcer pelo Clube de Regatas do Flamengo.
FLAVIEW