Marcos era um jogador muito querido por todos. Divertido e brincalhão. Aceitava numa boa todas as chacotas que os companheiros faziam, porém, dava o troco.
Só tinha um defeito: adorava dar um “migué”, que, na linguagem do futebol, significa enganar, enrolar, inventar uma desculpa.
Apesar de ter experiência no futebol, ele nunca havia jogado na altitude. Naquela semana, seria sua primeira vez.
O médico do clube deu uma palestra explicando quais seriam os efeitos que oxigênio escasso causaria e que haveria tubos de oxigênio à disposição dos atletas. O médico concluiu sua fala deixando um alerta:
– Eu estarei pronto para qualquer queixa. Se sentirem alguma coisa, me procurem imediatamente.
Marcos começou a ficar preocupado.
Antes do embarque, ele acompanhou o noticiário da televisão que falava sobre o jogo e os problemas da altitude. Foram feitas várias entrevistas com jogadores que passaram mal. Outras mostravam que a bola passa a ter velocidade diferente por causa do ar rarefeito.
Marcos começou a ficar desesperado.
Com o cronômetro zerado, ala faz cesta espetacular do outro lado da quadra
Após horas de viagem e sem ninguém avisar que o voo teria uma escala em Lima, capital do Peru (cidade ao nível do mar), quando a porta do avião foi aberta e os passageiros começaram a descer, Marcos achou que já tinha chegado ao destino final.
O jogador, com braço nos ombros do médico do clube e caminhando lentamente, sussurrou:
– Doutor, tá faltando ar, me sinto meio enjoado, tonto… acho que essa tal de altitude me pegou!
Fonte: Blog Causos do Aimar