Se por um lado a Libertadores faz parte do planejamento financeiro rubro-negro e depende de sucesso nos gramados, no Carioca não há matemática que mantenha as números no azul. Campeão da Taça Guanabara e com vantagem nas semifinais e finais, o Flamengo encara a Cabofriense quarta-feira, no Maracanã, por um lugar na decisão. Um título, por sua vez, amenizará muito pouco as contas, que não são nada vantajosas de acordo com Rodrigo Tostes. Enquanto a relação receita e despesa por jogo gera uma margem de lucro muito pequena, tudo que envolve a participação na competição não supre o investimento.
– Para o Flamengo, é um campeonato muito deficitário. Não podemos levar em conta somente o custo da partida. Temos que pensar que há um time, que está com os salários em dia e com um custo que não compensa para esta competição, mesmo que seja campeão. Se somarmos todos os custos, é deficitário. O Carioca não funciona para o Flamengo e imagino que também para os outros.
A premiação ao campeão estadual deste ano aumentou consideravelmente: de R$ 800 mil em 2013 para 3,5 milhões. A ideia era cativar os clubes num ano em que Botafogo e Flamengo participam da Libertadores, e o Vasco estaria mais focado no segundo semestre, na disputa da Série B. Mas segundo informou a coluna “Panorama Esportivo”, do jornal O Globo no dia 26 de janeiro, a “generosidade” teve um alto custo a ser arcado justamente por Fla e Vasco, pois a Ferj tirou de ambos 10% do que recebiam a título de televisionamento. Assim, se o rubro-negro ou o cruzmaltino forem campeões, estarão apenas recebendo de volta aquilo que lhes foi confiscado.
Tostes acredita em soluções mais lucrativas para os primeiros meses do ano, e cita a Copa do Nordeste como um exemplo bem sucedido de competição atrativa e com retorno financeiro, através da participação dos torcedores.
– Perdemos oportunidades. O que o Flamengo poderia fazer neste período, com estes jogadores, para gerar receita? Podia existir uma Liga, ou participar da Copa do Nordeste… Se for ver quantas pessoas vão ao estádio na Copa do Nordeste e quantas vão no Rio, as contas estão aí. Imagino que o Flamengo ganharia cerca de R$ 500 mil por jogo se jogasse no Nordeste – disse, deixando claro que trata-se de um exemplo e não há movimentação para jogar a competição.
Ponto de divergência entre clube e torcedores no início do ano, o preço dos ingressos não é o causador dos estádios vazios no Carioca na opinião do dirigente. Apesar de admitir que é algo que pode ser levado em conta na decisão do torcedor, Rodrigo Tostes aponta como principal causador do fracasso de público a organização da competição.
– Para o cara ir a qualquer evento, pensa em duas coisas: comodidade e a qualidade do espetáculo. Um jogo às 22h, quarta-feira, com TV, é algo que te dá um conforto maior ficar em casa. É preciso analisar o contexto. O cara não sai de casa se for R$ 1 para ver um jogo no Aterro no horário que for. É uma questão de qualidade e comodidade. Não estamos cumprindo nenhum dos dois hoje em dia. Esses componentes são maiores do que a conta. O valor pode atrapalhar, concordo. Mas não acho que seja o que vai resolver. O Flamengo tem um conceito e acha que tem que cobrar um valor que acha justo.
Flamengo e Cabofriense se enfrentam nesta quarta-feira, às 22h (de Brasília), no Maracanã, pela primeira partida da semifinal do Campeonato Carioca. O preço dos ingressos para partida variam de R$ 60 a R$ 190 (inteira).
Fonte: GE