Tente falar com um jogador do Flamengo sobre Libertadores. Imediatamente, a tentativa será rechaçada. A expressão “pensar apenas no Estadual” é repetida como um mantra. Parece ensaiada, num esforço liderado pelo técnico Jayme de Almeida que, simplesmente ao ouvir o nome da competição sul-americana, interrompe qualquer esboço de pergunta. O Flamengo se volta para o jogo de amanhã, contra a Cabofriense, na partida de ida da semifinal do Carioca. No sábado, os times voltam a se encontrar. Mas o primeiro jogo tem íntima ligação com a Libertadores, por mais que os rubro-negros evitem o tema.
As lesões bateram à porta num momento de decisão na temporada. Além do lateral reserva Léo, com problema muscular, e do volante Cáceres, que já vinha em recuperação de uma luxação no ombro, o time tem mais dois problemas para amanhã. Elano já era desfalque esperado, também por causa de uma lesão muscular. O outro, surgiu ontem. Com um problema na coxa esquerda, André Santos também não vai jogar. Sinais do desgaste das duas competições na temporada.
Sendo assim, vencer bem o primeiro jogo, se possível por boa margem de gols, faria mais pelo Flamengo do que simplesmente aumentar o já amplo favoritismo do time para chegar à final. Permitira a Jayme de Almeida administrar o segundo jogo, evitar o desgaste de alguns titulares às vésperas de viajar ao Equador. No dia 2 de abril, em Guayaquil, o time faz jogo decisivo com o Emelec. O futuro na Libertadores estará em jogo.
O discurso no clube continua sendo comedido.
— Libertadores agora não. Temos uma semifinal difícil pela frente. Não dá para ganhar antes de jogar — disse o meia argentino Mugni, que deverá jogar como titular do meio-campo, na ausência de Elano.
— Algumas coisas nos ajudam. A bola que treinamos antes dos jogos do Estadual é diferente. Na Libertadores, viajamos e ficamos mais tempo concentrados… — disse o atacante Alecsandro. — Quando chegar a hora da Libertadores a gente pensa nela.
Jayme de Almeida deve usar João Paulo na lateral esquerda, no lugar de André Santos. No ataque, adiantou que Hernane continuará como titular e Alecsandro, no banco. Ainda que os números do reserva na atual temporada sejam superiores. Ontem, Alecsandro deixou claro que busca espaço, mas disse respeitar a decisão.
— A opção cabe exclusivamente ao treinador. Eu, como funcionário, respeito como fiz em toda a carreira. Mas jogador que se acomoda não serve. Tem que estar inconformado, incomodado. E o respeito ao jogador Hernane é total — disse, defendendo que pode atuar junto com Hernane. — Já jogamos e podemos fazer outras partidas juntos, com dois atacantes. Mas não sou eu quem deve falar de questões táticas. Paciência é importante para o ser humano. Acredito no meu potencial, nos meus números.
Fonte: O Globo