Na noite desta segunda-feira, a maioria do Conselho Deliberativo do Flamengo votou a favor das mudanças que vão alinhar o estatuto do clube com a nova Lei Pelé. Com isso, o Rubro-Negro terá acesso a uma verba federal que é dividida entre clubes formadores de atletas. A votação era vista como vital para os esportes olímpicos da Gávea.
Há três anos, o Congresso Nacional aprovou uma lei que destina 0,5% das receitas de loterias esportivas para os clubes formadores de atletas olímpicos. A quantia é de cerca de R$ 35 milhões ao ano. Por conta de valores acumulados, o montante dividido pelas instituições pode chegar a R$ 130 milhões. Além da adequação do estatuto, agora realizada, uma outra exigência para obter esses recursos são as Certidões Negativas de Débito (CNDs), que o Flamengo já obteve no ano passado.
– A gente conseguiu superar as divergências. As pessoas entenderam que o Flamengo está acima de tudo. A gente fez algumas mudanças no texto, de acordo com o nosso consultor em Brasília e não teve problema. Questão de confidencialidade. Era gente de boa fé pedindo isso. Para ficar mais claro, a gente alterou o texto, mas sem prejuízo para a adaptação à lei, que era o mais importante. Agora a próxima batalha é aprovar as contas até dia 30 de abril. Hoje foi o principal. A gente vai continuar nosso trabalho de tornar o esporte olímpico do Flamengo autossustentável – disse o vice-presidente de esportes olímpicos do Fla, Alexandre Póvoa.
Uma das emendas que vinham gerando discussão nos bastidores foi alterada antes da votação. O texto que falava de uma cláusula de confidencialidade de contratos foi modificado, após consulta jurídica feita pela diretoria rubro-negra. Com essa questão resolvida, o vice-presidente de esportes olímpicos pretende continuar a captação de recursos para projetos novos e já existentes.
– O remo está quase solucionado, com dinheiro engatilhado para o mês que vem. O pessoal está voltando para o ginásio da ginástica. Já temos dinheiro para sustentar o judô e a ginástica por um ano. Esportes aquáticos também vão entrar em maio. O projeto para a piscina, que está aprovado, R$7 milhões. Quem quer colocar o dinheiro no Flamengo e colocar o nome no parque aquatico é muito bem-vindo. Além de uma academia para atletas olímpicos. O basquete tem mundial em outubro, NBB no final e mais coisa para acontecer. O Fla hoje é um clube cidadão, que paga impostos em dia – contou o dirigente.
Os atletas olímpicos do Flamengo abraçaram a causa. Antes do início da votação do Conselho Deliberativo, grande parte dos desportistas do clube marcou presença no auditório do clube, mobilizando-se em prol da adequação do estatuto. Jogadores do basquete rubro-negro e a remadora campeã mundial, Fabiana Beltrame foram alguns dos presentes.
A Confederação Brasileira de Clubes (CBC) é a entidade que julga quem vai receber os recursos e repassá-los aos associados. Para ter certeza de que conseguirá fazer parte da distribuição, o Flamengo contratou o mesmo consultor jurídico da CBC.
– É uma batalha a cada dia. Quem faz esporte olímpico no Brasil é um herói, porque o apoio é muito baixo. Mais uma batalha foi vencida hoje. O Flamengo agora tem CND, se adaptou à Lei Pelé e vai conseguir ter acesso aos recursos públicos – comentou Alexandre Póvoa.
O presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, também comemorou a votação positiva. Ele afirmou que o resultado foi crucial para a continuidade de todos os projetos das modalidades olímpicas da atual diretoria.
– O esporte olímpico do Flamengo respira aliviado, porque garantimos o passe para continuar trabalhando. Se não tivéssemos aprovado isso hoje, todo esforço para captar recursos e incentivos fiscais seria jogado fora – comemorou o presidente.
Fonte: GE