Flamengo entra no Brasileirão pra beliscar uma pré-Libertadores.

Compartilhe com os amigos
E aqui estamos nós, mais uma vez, às portas de um Campeonato Brasileiro. Acompanho legal esse campeonato desde os anos 70, quando jogavam duzentos clubes de todos os buracos do Brasil em fórmulas de disputa psicodélicas e criativas. Mas nem naquela época em que se amarrava cachorro com linguiça e que até renda era critério de desempate vi o acromegálico certame nacional despertar tão pouco interesse.
Um desinteresse muito fácil de explicar. Esporte é vida, esporte é saúde e o Brasileiro, coitado, está muito doente. O Campeonato Brasileiro sofre há anos do mal crônico de solução de credibilidade. Uma doença muito grave para campeonatos e que geralmente leva o paciente ao óbito. Em 2003 uma junta médica mudou a dieta do paciente então desenganado, estabeleceu regras rígidas e o campeonato ganhou peso, ficou mais esperto, até adquiriu uma cor nas bochechas. Mas em dois anos o paciente chutou o balde, voltou aos maus hábitos e o desfecho do campeonato de 2005 deu a muita gente a certeza de que o Brasileiro ia bater a caçuleta.
Mas ninguém quer que o campeonato morra, afinal, é o ganha-pão de milhões de brasileiros. Depois dessa preocupante e gravíssima recaída os interessados não mediram esforços pra salvar o Brasileiro. Entubaram o campeonato todo, meteram uma medicina pesada e o filho da mãe escapou. Mas até a medicina moderna tem limites e quando o paciente não colabora com a terapia não tem jeito. No ano passado o Brasileiro voltou aos hábitos deletérios e às más companhias. Resultado da recaída: acabou jogando a Portuguesa no fogo pra salvar o rabo do Flor.
Voltou imediatamente pra UTI e desde então tem sobrevivido com o auxílio de aparelhos. Desacreditado, anêmico, com seus sinais vitais cada vez mais fracos o Campeonato Brasileiro está com o pé na cova de novo. E agora além da junta médica que há anos o rodeia sua companhia mais constante é a plêiade de advogados que o defendem daqueles que se sentem prejudicados pelas palhaçadinhas cometidas no mais recente passeio do Brasileiro ao Tapetão.
Fala sério, como é que alguém que curte o futebol e os belos valores que o esporte representa vai se interessar por um moribundo com esse histórico médico? É impossível. As pessoas até aceitam um pouquinho de mentira, mas em doses controladas, diluídas em comida, diversão e arte. Nessa esculhambação cinema verdade, sem censura, os bastidores da notícia, XXX Rated, não há quem aguente. Tenham piedade. Desliguem os aparelhos, deixem o coitado morrer. O Campeonato Brasileiro está sofrendo muito, vai ser melhor pra ele.
Enquanto não autorizam a eutanásia vamos à Brasília (terra nostra) enfrentar os chatíssimos goiazes. Não consigo me empolgar mesmo por uma pelada desse naipe. E não satisfeito em não me divertir com o Brasileiro ainda me acho no direito de cortar a onda de quem está quieto. Bem vestidos, prestem muita atenção, não fiquem de quiquiqui, não. Se preparem pra sofrer até dezembro, porque o Flamengo está entrando nesse Brasileiro todo errado, igual ao ano passado.
Essa parada de jogar fora do Rio nossos jogos em casa é um ótimo negócio pro Deptº Financeiro e péssimo pro Deptº de Futebol. Hoje joga em Brasília, outro dia em Manaus e na outra semana na Casa do Chapéu. E nessas bucólicas paragens reforçamos nossos laços com a massa rubro-negra sofrida que vive longe do Rio e vamos deixando pra trás pontinhos preciosos que fazem uma falta danada em dezembro. Ganha-se dinheiro, é verdade que o clube precisa, mas se o time patina, e jogando fora de casa criam-se as condições ideais para a prática da patinação, fica-se com o cu na mão até a 38ª rodada. Ou 39ª, 40ª, 41ª quem arrisca dizer quando acaba esse campeonato?
O campeonato é uma droga, não há qualquer garantia de que os resultados obtidos em campo prevalecerão ao escrutínio dos tribunais de exceção que sempre são convocados pelos descontentes e ainda por cima é ano de Copa do Mundo. E já que estamos no modo sinceridade vamos falar a real: nosso time esse ano parece ser mais frágil do que o do ano passado. Nossas chances de vencer o campeonato residem no imponderável, estamos entrando nessa parada tentando ficar no G4 pra beliscar Pré-Libertadores. Essa é a realidade.
Mas dane-se a realidade. O Flamengo não pode se permitir almejar nada menos que o topo. Essa é a verdade rubro-negra. Uma verdade francamente desconectada da realidade fática, mais ligada ao que sente o coração do que ao que enxergam os olhos. Uma verdade toda nossa, fiel aos princípios sobre os quais se ergue o gigante rubro-negro. Vencer, vencer, vencer! Aqui não tem fartura, mas também não tem miséria. É rumo ao hepta sempre!
Fonte: Urublog
Compartilhe com os amigos

Veja também