No Morumbi estão sendo hoje eleitos 80 novos conselheiros. Eles vão se juntar aos 155 vitalícios e decidir quem será o novo presidente do São Paulo: Carlos Miguel Aidar ou Kalil Rocha Abdalla no dia 16.
Mas já há uma certeza, o vencedor terá muito em comum com outros presidentes. Odílio Rodrigues, Paulo Nobre, Roberto Dinamite e Peter Siemsen, São Paulo, Santos, Palmeiras, Vasco e Fluminense querem uma mudança. Impedir que Corinthians e Flamengo continuem recebendo mais da Globo. A ideia é juntar forças e criar um bloco para reivindicar juntos.
O movimento nasceu com Carlos Miguel Aidar. Ele foi um dos fundadores do Clube dos 13. O dirigente acredita que houve omissão dos outros grandes e com isso, os corintianos e flamenguistas foram privilegiados.
Marco Aurélio Cunha prega a mesma coisa. Ele será o homem forte do futebol se Kalil Abdalla for eleito. No São Paulo houve esse consenso com a divulgação do balanço. O de 2012 mostrava que o clube havia recebido R$ 112 milhões. No de 2013, caiu para R$ 72 milhões. O vice João Paulo de Jesus Lopes explicou que houve o pedido de uma antecipação há dois anos. Enquanto isso, corintianos e flamenguistas receberam R$ 110 milhões.
Na Vila Belmiro, mesmo com o time finalista do Paulista, briga por dinheiro. Odílio Rodrigues brigou, implorou para o Conselho Deliberativo aprovar e foi aceita a antecipação da receita da televisão de 2015. O clube não tinha dinheiro para pagar as dívidas com ex-presidentes. Milton e Marcelo Teixeira tinham R$ 37 milhões para receber. A justiça exigia o pagamento imediato e a cota santista da Globo serviu para isso.
No Palmeiras, Paulo Nobre teve de revelar. Acabou sua esperança de fazer da Caixa a patrocinadora master do time. A empresa bancária não quis bancar os R$ 25 milhões pedidos pelo centenário e não quis nem negociar, pagar menos. Dispensou Nobre avisando que investirá menos no futebol.
Na verdade, a diretoria não queria negociar com o Palmeiras. Os dois rebaixamentos em dez anos e os vândalos infiltrados nas organizadas pesaram, assim como a falta de conquistas. A eliminação da final do Paulista para o Ituano foi a gota d’água. Atolado em dívidas, Nobre já colocou R$ 85 milhões do bolso no clube.
O Fluminense de Peter Siemsen quer se livrar da dependência da Unimed. A briga para a demissão de Renato Gaúcho foi um marco, com Celso Barros ameaçando tirar o patrocínio do clube. Siemsen acordou que é preciso caminhar sem o mecenas.
O Vasco de Dinamite está sufocado pelas dívidas. O novo rebaixamento para a Segunda Divisão, a pressão pela volta de Eurico Miranda fez o presidente acordar.
“Não podemos continuar a receber menos. Temos de conversar rever as cotas de televisão. Há vários clubes descontentes.”
Odílio Rodrigues assumiu uma postura corajosa, de vanguarda. Carlos Miguel e Marco Aurélio, rivais no São Paulo, têm agido, telefonado para os presidentes dispostos a cobrar a Globo e sinalizam que há Atlético, Cruzeiro, Inter e Grêmio querem ganhar mais.
Tudo fica ainda pior porque as cotas mudarão a partir de janeiro de 2016. Corinthians e Flamengo ganharão excelente aumento e se distanciarão ainda mais dos rivais. Passarão de R$ 110 milhões para R$ 170 milhões. São Paulo de R$ 80 milhões para R$ 110 milhões, Vasco e Palmeiras de R$ 70 milhões para R$ 100 milhões, Santos de R$ 60 milhões para R$ 80 milhões. Atlético, Cruzeiro, Grêmio, Inter, Fluminense e Botafogo é pior: Passarão dos R$ 45 milhões para R$ 60 milhões. Os outros grandes clubes do país passarão de R$ 27 milhões para R$ 35 milhões.
A distância para flamenguistas e corintianos passará a ser enorme. Como a Globo paga mais aos dois, exibirá a dupla mais vezes na tela, o que fará com que os clubes cobrem mais dos seus patrocinadores e tenha dinheiro para montar elencos mais poderosos. A tendência é que possa ganhar muito mais títulos.
O que atrapalha o Corinthians é a dívida com o Itaquerão, o Flamengo precisa se livrar dos seus mais R$ 500 milhões em débitos. A força extra que a Globo já se comprometeu a dar vai ajudar muito. Mesmo com esses problemas enormes, há como montar grandes equipes.
“É um disparate que não vamos aceitar. Os clubes que implodiram o Clube dos 13 tiveram vantagens. Houve um inércia generalizada dos outros. Isso vai terminar”, prometeu Carlos Miguel a conselheiros do São Paulo.
“Nós não vamos deixar essa situação da televisão continuar.” Desta vez foi Marco Aurélio…
A troca de telefonemas já acontece, basta sair o resultado da eleição no São Paulo… E os clubes prometem comprar a briga. Vão pedir em bloco a revisão dos valores. Os executivos da Globo não se preocupam, renovaram contrato com os grandes clubes do país até 2017. Os quatro grandes de São Paulo e do Rio receberam até bônus antecipado, nada menos do que R$ 30 milhões. Ou seja, legalmente a emissora está respaldada.
Mesmo assim os rebeldes vão tentar mudar o quadro. Vale lembrar as palavras de Fernando Carvalho. O ex-presidente e homem que modernizou o Internacional.
“O Corinthians será o Barcelona da América do Sul. Pela arrecadação que já tem (…) E pelo que arrecadará em um futuro próximo. Se o comando não mudar, será o Barcelona. E será o favorito em todas as competições do Brasil e do no continente. (…) O Corinthians fatura o dobro de nós, Inter e Grêmio. São R$ 400 milhões ao ano. Quando inaugurar o estádio (Itaquerão), o quadro social vai aumentar. Hoje, está em quase 100 mil sócios. Com o estádio inaugurado, o Corinthians vai faturar R$ 600 milhões por ano. Será muito difícil ganhar deles em torneio de pontos corridos. E o Real Madrid será o Flamengo, caso consiga se organizar. O fim do Clube dos 13 levou a isso.”
Os rivais dos corintianos e flamenguistas já acordaram, agora prometem agir. Não está descartada a criação de uma entidade e todos brigando juntos para acabar com o privilégio da dupla…
Fonte: Blog do Cosme Rímoli