Dez coisas que você deve saber sobre Divisões de Base.

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Futebol está longe de ser uma ciência exata, e na base isso fica muito claro. O craque de hoje pode ser o jogador dispensado de amanhã, a promessa pode não vingar nos profissionais, enquanto um jogador mediano às vezes se firma. Histórias assim são corriqueiras nos clubes, assim como problemas e dificuldades diversas. Em um universo tão rico e complexo, vale destacar dez aspectos que ajudam a entender um pouco o processo de formação de jogadores. Aí vão eles.
Cada jogador tem seu tempo
Uma das coisas mais comum ouvidas em arquibancadas por todo o país é que “jogador que não está pronto aos 20 anos não serve para clube grande”. A própria história do futebol mostra o contrário. Há jogadores que surgiram bem aos 17, como Neymar, mas há outros, como os selecionáveis Paulinho, Thiago Silva, Hulk e Fred, que só explodiram aos 22, 23 anos.  E a grande maioria não estoura nunca. Portanto, é precipitado fazer qualquer tipo de sentença sobre a carreira de um jogador jovem, por mais que a tentação de comentar sobre o momento seja grande.
Lulinha e Zezinho melhores do que Neymar?
Na base, muitos técnicos dizem que sim. Lulinha foi artilheiro da Seleção no Sul-Americano Sub-17 de 2007 e era o melhor jogador de sua geração naquele momento. Zezinho foi o melhor jogador brasileiro no mesmo torneio em 2009, ano em que Neymar decepcionou no Mundial da categoria, quando o Brasil foi eliminado na primeira fase. Isso mostra que a possibilidade de errar em previsões sobre o futuro dos jogadores é imensa, pois o sucesso entre os profissionais depende de diversos fatores, como uma boa transição, o comportamento extracampo e a sorte em não ter lesões graves, entre outros.
Qual a diferença entre formar e revelar?
Muitas vezes, essas duas palavras são usadas como sinônimo, mas como os jogadores trocam muito de clube já na base, há quase um consenso de que o clube revelador é o que promove o jogador aos profissionais. Formação é o processo pelo qual o jogador passa até chegar aos profissionais, no qual ele pode defender vários clubes. Um exemplo é Lucas, que passou pelo Juventus e pelo Corinthians antes de chegar ao São Paulo, clube no qual concluiu a formação e foi revelado nos profissionais.
A presença de empresários
Atualmente, é muito difícil o clube ser dono de 100% dos direitos econômicos de um jogador. Normalmente, o divide com o empresário, que faz também o papel de investidor, e com a família do atleta. Geralmente, a divisão fica em 60 ou 70% para o clube, e uma das poucas exceções é o Flamengo, que tenta negociar percentuais maiores. O número de jogadores sem empresário em clubes grandes é irrisório, e quando isso acontece, geralmente é o pai quem cuida das negociações.
A falta de planejamento dos profissionais respinga na base
A transição dos juniores para os profissionais é um dos momentos mais difíceis da carreira de um atleta. E no Brasil esse processo se complica ainda mais, porque as trocas de treinadores nos profissionais são constantes, e cada técnico tem as suas preferências. O aproveitamento da base precisa ser uma filosofia do clube, e não depender da boa vontade de um ou outro treinador.
Os ‘gatos’ geralmente não são os mais altos
Há vários casos de adulteração de idade no futebol brasileiro, e quando se vê jogos de base, a desconfiança muitas vezes recai sobre os jogadores mais altos e fortes. Mas geralmente os descobertos não têm esse perfil. É o caso dos baixinhos Sandro Hiroshi, Anaílson e Leandro Lima, e dos não tão altos Baiano, ex-Vasco, e Emerson Sheik.  Eles normalmente se sobressaem por qualidades físicas, como força e velocidade, e nem tanto pela altura.
Falta um calendário unificado para a base brasileira
Essa é uma das principais demandas dos clubes, que querem, por exemplo, um Campeonato Brasileiro Sub-20 disputado em um turno, na preliminar das partidas do returno do Brasileirão. Várias competições são jogadas ao mesmo tempo, e os clubes ainda viajam para o exterior para adquirir experiência internacional, apertando ainda mais o calendário. Um exemplo é o time sub-17 do Flamengo, que chegou de um torneio nos Estados Unidos e jogou praticamente no mesmo dia contra o Atlético-MG. Perdeu por 6 a 1.
Alojamento apenas aos 14 anos
Essa é uma questão determinada por lei. Os clubes só podem alojar jogadores nascidos fora de sua cidade a partir dos 14 anos. Antes disso, só pode contar com atletas ‘nativos’. Ou convencer os pais do garoto a se mudarem, expediente utilizado com frequência. Geralmente, há grandes mudanças nas equipes a partir do sub-15, com a chegada de novos atletas vindos de outros centros.
Pacto entre os clubes
O assédio aos jovens jogadores é grande e os clubes resolveram se proteger, assinando em 2012 um ‘pacto de cavalheiros’ que prevê diálogo entre eles toda vez que jogadores jovens forem negociados. Antes, era comum o sumiço de atletas, que pouco tempo depois apareciam em outra equipe, prestes a assinar o primeiro contrato profissional. O Atlético-PR, que contratou o atacante Mosquito sem consultar o Vasco, sofreu boicote dos outros clubes, assim como o São Paulo.
Filosofia de jogo
Alguns clubes buscam estabelecer uma filosofia de jogo em suas categorias de base. São Paulo e Fluminense, por exemplo, proibiram formações com três zagueiros, por entenderem que dificulta a formação de laterais e meias. No Grêmio, a preferência é por defensores e goleiros mais altos. Em outras equipes, no entanto, essa questão é pouco discutida, e o modo de jogar fica a critério dos treinadores.
Fonte: Na Base da Bola
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