Flamengo e Fluminense vivem momentos opostos na relação com as torcidas por conta dos preços praticados nos ingressos do Maracanã. Se o clube das Laranjeiras esbanja paz ao adotar a política popular, o Rubro-negro enfrenta frequentes protestos das organizadas contra a metodologia elitista da administração Bandeira de Mello. A terceira via da discussão é o próprio consórcio que administra o estádio. Os executivos estão insatisfeitos com alguns pontos dos contratos e tentam ajustes ignorados pelas agremiações.
O clube da Gávea pratica valores consideravelmente mais caros atualmente no futebol do Rio de Janeiro. O ingresso de menor valor em sua cota inteira sai a R$ 60, enquanto o mais caro pode custar até R$ 180. A diretoria deixou claro que não irá mudar qualquer detalhe no acordo, pois descarta a possibilidade de pagar para jogar.
Até por isso, o Flamengo tem média de arrecadação de R$ 953.820,00 até o momento no Campeonato Brasileiro. O único jogo como mandante no Maracanã na competição rendeu R$ 763.125,00 com um público de 16.318 pagantes. Apesar dos números, a relação com a torcida é cada vez pior, já que as organizadas protestam a cada partida com cobranças pelo retorno dos preços populares.
O consórcio também deseja bilhetes mais baratos nos jogos do Rubro-negro. O objetivo é atrair público e lucrar de outras formas com propriedades do estádio. Comandado pelo vice-presidente de marketing, Luiz Eduardo Baptista, o BAP, o clube aparentemente está alheio ao debate, descarta qualquer alteração apesar dos movimentos contrários e se posiciona na defensiva com o status de instituição que mais lucrou com bilheteria no ano passado – R$ 50 milhões arrecadados e R$ 19,6 milhões líquidos.
O Rubro-negro tem a estimativa de pelo menos repetir os números de 2013, embora saiba que para isso há a necessidade de chegar a finais e disputar o Campeonato Brasileiro nas primeiras posições. Na última temporada, a campanha do título da Copa do Brasil lotou o Maracanã nas fases decisivas e possibilitou números expressivos ao líder do ranking de bilheteria.
Já o Fluminense vive cenário oposto na questão financeira. O clube tem agradado ao seu torcedor, que comparece em peso e apoia o time no estádio recentemente. O Tricolor tem a segunda maior média de público do Campeonato Brasileiro, com 33.958 pagantes por jogo, atrás apenas do Corinthians, que levou pouco mais de 36 mil pessoas ao estádio em suas partidas no torneio.
Por outro lado, o Fluminense – média de R$ 585.403 em arrecadação – tem desagradado ao consórcio que administra o Maracanã com os preços baixos (R$ 10 e R$ 5 meia), já que os valores são bem menores que os cobrados nos setores operados pelo estádio. O acordo com o Fluminense diz que o time das Laranjeiras fica com toda receita dos setores Norte e Sul e pode escolher os preços, enquanto o consórcio opera o restante da arena e seus lucros – o vínculo com o Flamengo faz aumentar a parte do clube de acordo com a evolução do público.
O Tricolor, porém, tem ignorado a pressão da concessionária assim como o Rubro-negro. O Tricolor arrecada menos do que o rival, mas vê os prejuízos como aceitáveis diante da influência positiva da presença da torcida nos resultados e na imagem do estádio cheio em seus jogos. O Botafogo tem modelo de contrato semelhante ao Flamengo, mas os bilhetes são mais baratos (R$ 40 e R$ 20 meia), algo considerado próximo do ideal pelo consórcio. O Vasco é o único clube que negocia os confrontos avulsos, já que manda a maioria dos jogos em São Januário.
Fonte: UOL