Em situação financeira caótica, o Flamengo gasta mais com dívidas tributárias do que com seu time de futebol. O clube precisa pagar R$ 7,5 milhões mensais de impostos, enquanto a folha salarial de sua equipe custa R$ 5 milhões. É o que relata o presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, em entrevista à Folha.
Folha – O Flamengo é, ao lado do Corinthians, o clube que mais recebe dinheiro da televisão, mas vive situação financeira crítica. Qual é o retrato das finanças do clube?
Eduardo Bandeira de Mello – Assim que a gente assumiu o clube, a situação era caótica. Vimos que a dívida era muito maior do que imaginávamos. A credibilidade do Flamengo era zero: ninguém queria vir para o Flamengo porque corria o risco de não receber. Então tivemos que começar a pagar os impostos em dia, os correntes e os atrasados, para resgatar credibilidade. Parcelamos dívidas, conseguimos a Certidão Negativa de Débito. Com isso, fechamos patrocínio com a Caixa e conseguimos dinheiro com a Lei de Incentivo ao Esporte. Tivemos que dispensar jogadores e medalhões dos esportes olímpicos.
Essas medidas afetaram diretamente o time profissional do Flamengo…
Sim, estamos sacrificando o nosso time de futebol, que não é exatamente como a gente queria. Em 2013, por exemplo, pagamos R$ 90 milhões de impostos devidos.
Vocês gastam mais com o pagamento de impostos devidos do que com a folha de pagamento do time de futebol?
Gastamos R$ 7,5 milhões por mês com impostos devidos, e a folha salarial do time é de cerca de R$ 5 milhões. Mais ou menos R$ 2,5 milhões a mais. Mas também pagamos os acordos trabalhistas com ex-jogadores, que dá mais de R$ 1 milhão por mês.
O senhor disse que não tem o time que gostaria. Quando acha que o Flamengo terá um time melhor?
Acho que em 2016 a situação vai estar mais confortável. Claro que deve ir melhorando aos poucos. Em 2015, a situação vai ser melhor que em 2014, que já é melhor do que em 2013. E esperamos que a lei do refinanciamento das dívidas dos clubes seja aprovada na semana que vem. Isso vai melhorar bastante a nossa situação.
Há o plano no Flamengo de construir um estádio próprio, na Gávea. Esse projeto vai sair do papel?
Eu defendo a ideia de termos um estádio. É importante para o Flamengo ter um estádio próprio, menor, para fazer alguns jogos e mandar os principais no Maracanã. No contrato que assinamos com a Odebrecht para o uso do Maracanã, temos um compromisso para ela fazer um estudo de viabilidade de um estádio na Gávea. A intenção é de se fazer uma arena, sim.
O Jayme de Almeida soube da sua demissão na segunda-feira pela imprensa. Por que isso aconteceu?
Isso gerou um mal-estar. Pedimos desculpas a família dele e a ele. Mas o Flamengo não deu declarações sobre a demissão dele antes de falarmos diretamente com ele. As notícias foram se sucedendo. A intenção não foi desrespeitar ninguém.
Qual a sua avaliação sobre os campeonatos estaduais?
Foi um fracasso. De público e técnico. Qualquer proposta que reduza o número de datas e seja atraente nós somos favoráveis. Eu defendo pontos corridos.
Fonte: Folha de São Paulo