Real Madrid e Barcelona ganham mais dinheiro do que brasileiros. Eis uma constatação óbvia. Mas a diferença entre uns e outros é tamanha que só os dois espanhóis têm um faturamento combinado maior do que toda a elite brasileira.
A Máquina do Esporte levantou e analisou balanços financeiros dos gigantes europeus referentes à temporada de 2012/2013 e dos brasileiros de 2013, ambos mais recentes disponíveis. O Real arrecadou € 520,9 milhões, e o Barça, € 482,6 milhões. A soma dos dois, portanto, dá € 1 bilhão, pouco mais que € 997 milhões de 2011/2012 .
No caso do Brasil, consideramos as receitas dos 19 clubes que fazem parte da primeira divisão e do Vasco no lugar da Chapecoense. Como nos números dos espanhóis não entram vendas de atletas, um modo de analisar balanços financeiros adotado na Europa, pois grandes variações nesta fonte de receita mascaram a real capacidade de uma gestão ganhar dinheiro, elas também não foram levadas em conta no caso dos brasileiros. Resultado: € 764,9 milhões.
E mesmo que fossem consideradas transferências de atletas, não seria suficiente para que a elite nacional ao menos igualasse a dupla espanhola. São € 969,1 milhões faturados em 2013 por Flamengo, Corinthians, São Paulo, Grêmio, Palmeiras, Cruzeiro, Atlético-MG, Internacional, Vasco, Santos, Fluminense, Botafogo, Coritiba, Bahia, Atlético-PR, Vitória, Goiás, Sport, Criciúma e, ufa, Figueirense, em ordem decrescente, do maior para o menor.
A conversão de moedas foi feita com base na cotação de 31 de dezembro de 2013, data de fechamento dos balanços patrimoniais, quando o real valia € 0,31.
Com menos TV e patrocínios, futebol brasileiro retrai
Pior do que estar tão longe dos europeus nas finanças, particularmente, é a retração que sofreu o mercado brasileiro em 2013. Dos 20 times, só quatro faturaram mais do que em 2012.
O Criciúma cresceu 84%, mas saiu de € 7,6 milhões para € 13,9 milhões. É muito pouco. Com a promoção à Série A, não haveria como ser diferente. O Cruzeiro aumentou 41%, beneficiado por ter sido campeão nacional – mais prêmios, mais bilheterias etc. O Flamengo subiu 14%, também ajudado pelo título da Copa Sadia do Brasil. O Atlético-PR cresceu 13%.
De resto, foi um show de quedas no faturamento. Em alguns casos, o dinheiro recebido da Globo reduziu drasticamente, porque em 2012 foram contadas luvas por assinatura de novos contratos. Em quase todos, o comercial sofreu para conseguir patrocínios. Fora a Caixa, que abraçou uma dúzia clubes, a iniciativa privada fugiu do futebol brasileiro.
Para voltar a crescer, não há muito segredo. Novos contratos de TV serão assinados em alguns anos, a economia do país pode retomar o crescimento de anos atrás e estimular empresas a arriscarem e patrocinarem mais, mas o futebol brasileiro vai ter de aprender a ganhar dinheiro com o torcedor. Sócio-torcedores, facilitados pela Ambev, estádios, reformados para a Copa do Mundo, e licenciamentos, absolutamente inexplorados, estão aí para serem aprimorados.
Fonte: Máquina do Esporte