Jayme de Almeida fez um ótimo trabalho em 2013, conseguindo aproveitar muito bem o elenco que tinha nas mãos, algo que o badalado Mano Menezes não foi capaz de fazer. Ao assumir o time, fez algumas mudanças importantes e mostrou convicção no seu time ideal. É verdade que as circunstâncias ajudaram, pois naquele momento do ano não havia mais tempo para testes, então ele teve que bancar as suas escolhas.
Há quem diga que o desempenho do Flamengo com Jayme ano passado se deve muito a uma carga extra de motivação dos jogadores para darem uma resposta ao Mano Menezes, pela forma como ele deixou o clube. E também por uma simpatia pessoal com o Jayme, aquele treinador que os boleiros gostam, estilo paizão e humilde, que blinda os jogadores e lhes dá o crédito das vitórias.
Não descarto que esses fatores tenham contribuído para motivação e união do time, mas não atribuo uma importância tão grande, não a ponto de tirar os méritos do Jayme na organização tática do time. A título de exemplo, ele resgatou o encostado Amaral, promoveu também Luiz Antônio a titular num posicionamento diferente do que era aproveitado pelo Mano, devolveu André Santos a lateral esquerda e também mudou o posicionamento do Paulinho, melhorando seu desempenho e por consequência do André Santos.
Por essas e outras que é difícil entender a dificuldade do Jayme para acertar o time em 2014, principalmente porque trouxemos alguns bons reforços, em que pese a saída do Elias, jogador importantíssimo ano passado.
Ele não foi capaz de adaptar o time às novas peças do elenco. E vale ressaltar também a grande incoerência ao não insistir na presença de um meia que jogue centralizado, como fez com o medíocre Carlos Eduardo ano passado, mesmo tendo jogadores nitidamente mais produtivos esse ano para a função, caso do Lucas Mugni por exemplo.
Tal retrocesso no trabalho do Jayme me fez até questionar os méritos que enxerguei no seu trabalho em 2013. Será que foi mais sorte do que competência? Ou talvez o tal fator motivacional que falou mais alto? Ou será ele aquele tipo de treinador de tiro curto, que quanto maior a disponibilidade de tempo e de opções no elenco, mais dificuldades encontra?
Torço muito para que ele consiga dar continuidade na sua carreira, e assim possamos saber se tem consistência pra se tornar um dos bons técnicos do nosso futebol. E assim, quem sabe um dia, mais experiente, volte a treinar o Flamengo, já que identificação com o clube ele tem de sobra. E por falar em identificação, para que ele possa retornar no futuro, é importante que seja tratado pela diretoria com a consideração e respeito que merece, não só como qualquer profissional, mas também pela sua história no clube e a pela pessoa de caráter que sempre mostrou ser. Essas falhas de comunicação, como a que ocorreu na sua demissão, vão totalmente de encontro ao profissionalismo pregado pela atual diretoria, mas infelizmente já viraram rotina no Flamengo.
Para comandar o time agora temos o retorno do Ney Franco. Nome que não chega a empolgar é verdade, mas dentro das opções do mercado no momento também não considero ruim.
Ouço muito que ele não será solução porque nosso problema é o elenco. Concordo que o nosso elenco está longe de ser forte e tem sim suas carências, mas também não é compatível com um time tão sem identidade e apático quanto esse de 2014. Há momentos em que é preciso dar uma sacudida no elenco, tirar os jogadores da zona de conforto e como não podemos simplesmente trocar meio time, a saída é trocar o treinador.
Taticamente acho que o Ney Franco tem uma qualidade: não é de inventar muito, algo que deve ser valorizado hoje em dia. E o fato de ter sido treinador da seleção Sub-20 pode ser positivo para que o Flamengo consiga aproveitar melhor os jogadores da base nessa transição pro profissional. O que me preocupa é o fato dele gostar do Negueba, já que levou ele pra seleção e depois pro SPFC.
Mas, além de questões táticas e técnicas, Ney e seu estilo mineirinho terá que lidar com a panela de pressão que é o Flamengo, e talvez seja esse seu maior desafio.
Mas desejo muita sorte a ele e que tenhamos um novo começo de 2014.
Saudações Rubro-Negras!
Rodrigo