Mais uma vez o Flamengo inicia o Campeonato Brasileiro com uma série de problemas. Mais uma vez amargamos a zona do rebaixamento. Mais uma vez estamos com um time limitado, sem perspectiva e franco favorito à segunda divisão. Mas este ano é uma exceção?
A história recente do Flamengo tem se mostrado bem repetitiva neste sentido: ou temos uma sequência excelente e terminamos com um final feliz, ou ficamos nos altos e baixos nos arrastando na competição, somando pontos para fugir da “degola”. Isto não é exceção. Tem sido regra, pelo menos, nos últimos 20 anos. E por que, só agora, alguns ditos “torcedores” começam a reclamar, pedir impeachment de uma diretoria séria e competente, querendo aparecer como “salvadores da pátria”? A resposta é simples: por que antes tinham uma boquinha nas diversas diretorias, recebiam ingressos gratuitamente para venderem ou distribuírem entre os seus; porque tinham um poder que não detêm mais. É a mesma história que se repete desde o ano passado: tentam tumultuar, para surgirem como solução, ou melhor, criam dificuldades para tentarem vender as soluções. A tentativa não cola.
E nos anos em que o Flamengo foi Campeão Brasileiro? Tudo se mostrou “as mil maravilhas”? O Flamengo dominou os campeonatos de ponta a ponta? A crítica não existiu? Vamos aos números ao longo dos anos – e dos títulos:
1980 – Em seu primeiro título nacional, o Flamengo terminou a 1ª Fase em 2º lugar, atrás do Santos. Na 2ª Fase passou fácil por Palmeiras, Santa Cruz e Bangu. Na 3ª Fase se classificou para as Semifinais, vencendo o Santos em casa, na última rodada. Semifinal fácil contra o Coritiba e a Final aquele “Deus nos acuda” que todos nós já cansamos de ver e rever. Na classificação final do Campeonato ficamos com 34 pontos, empatados com o Atlético-MG, porém com menos vitórias e com saldo de gols menor. Fomos campeões por termos feito uma 3ª fase melhor, apenas um ponto na frente, jogando a Semifinal e Final por dois resultados iguais.
1982 – O Bi Nacional também não foi fácil: primeira fase tranquila, classificado em 1º isolado num grupo com São Paulo, Treze-PB e Náutico. Sete vitórias em oitos jogos, incluindo um 3×2 e outro 4×3 contra o Tricolor Paulista. A “moleza” terminou por aí. Ficamos em 2º lugar na Segunda Fase, no grupo do Corinthians; Oitavas-de-final com uma vitória (2×0) e uma derrota (2×1) contra o Sport; Quartas-de-final com uma vitória (2×1) e um empate (1×1) contra o Santos; Duas vitórias apertadas (2×1 e 3×2) contra o Guarani nas Semifinais e a Final contra o Grêmio em três jogos, sendo campeão fora de casa, num jogo extra, em vitória por 1×0 (depois de dois empates por 1×1 e 0x0 nas duas primeiras partidas).
1983 – 2º lugar na 1ª Fase, no grupo do Santos; 2º na 2ª Fase, no grupo do Palmeiras; 1º lugar na 3ª Fase, um ponto à frente do Goiás e dois à frente do Corinthians; Quartas-de-final com uma vitória e um empate contra o Vasco (2×1 e 1×1); Semifinal com uma vitória e uma derrota para o Atlético-PR (3×0 e 0x2) e uma Final, contra o Santos, também não muito fácil: derrota em São Paulo por 2×1. E uma vitória larga, porém num jogo difícil, no Maracanã: 3×0, com um gol no começo e dois no final da partida. Na classificação final do Campeonato, o Flamengo ficou com 35 pontos (mesmo número de pontos do Atlético-MG e um a menos que o Santos, mesmo tendo sido o Campeão).
1987 – O campeonato mais controverso e debatido da nossa história, não começou nada bem. O Regulamento indicava duas fases, com dois grupos de oito equipes cada. Em cada Fase se classificava o Campeão de cada grupo, para as Semifinais. Caso um clube vencesse o grupo nas duas fases, se classificava o melhor segundo colocado da chave. Foi assim que o Flamengo se classificou: ficou em 6º lugar na 1ª Fase e em 2º na segunda. Como o Atlético-MG foi campeão das duas fases, o Flamengo acabou entrando nas Semifinais, pelo regulamento. Daí em diante todos já sabem: duas vitórias dramáticas, apertadas e históricas contra o próprio Atlético-MG (1×0 e 3×2) e o título em cima do Inter, no Maracanã, conquistado aos 39 minutos do segundo tempo, com o gol mágico do Bebeto.
1992 – Nosso Penta foi ainda mais difícil: 4º lugar na 1ª Fase, atrás de Vasco, Botafogo e Bragantino e uma 2ª Fase dramática, com a classificação vindo no último jogo, dependendo de uma vitória do nosso maior rival em cima do São Paulo (quer maior dificuldade que essa?). A Final foi a mais fácil de todas: 3×0 e 2×2 em cima do Botafogo.
2009 – Esse talvez seja o Campeonato que mais pessoas se lembram, por ser bem recente: na 21ª rodada estávamos na 10ª colocação, oito pontos à frente da zona de rebaixamento e a sete pontos da zona do rebaixamento. O título nunca passou pela cabeça de nenhum flamenguista, nem do mais fanático. À medida que íamos vencendo e subindo várias posições, o sonho para a Libertadores ia ganhando forma, mas o título só passou a ser real após as sucessivas derrotas do Palmeiras e a derrota do São Paulo para o Botafogo, faltando apenas três rodadas. A liderança só veio na penúltima rodada, contra o Corinthians, em São Paulo, e graças à derrota do São Paulo para o Goiás, no Serra Dourada, com uma improvável combinação de resultados, após 16 partidas, com onze vitórias, quatro empates e apenas uma derrota. O título veio numa vitória sofrida contra o time juniores do Grêmio, na última grande decisão do velho Maracanã.
Acredito muito que estaremos em outro patamar no futebol em alguns anos. Não darei audiência a pessoas que só querem usar o Flamengo para benefício próprio, para ganhar dinheiro às custas do clube e dos torcedores. Essa Era já passou, agora estamos na fase da profissionalização. Precisamos melhorar a cada dia e não continuar “dando bola” para torcedores profissionais (os que ganham dinheiro com isso). Vamos para frente, acreditar SEMPRE, como SEMPRE fizemos. E parabéns ao Fla-Basquete que tanto orgulho nos dá a cada nova conquista. Que venha o Orlando Magic, que venham os times da NBA e que venha o Mundial, pois somos Internacionais, somos os maiores e os melhores em TODOS os esportes. SRN.
Daniel Mercer.