Os torcedores mais pessimistas e exigentes, assim como os críticos mais vorazes, devem estar satisfeitos com as mudanças em curso no futebol do Flamengo. O vice Vallim Vasconcellos pediu para sair, o diretor Pelaipe foi demitido e o treinador Jayme substituído. Claro que estes ditos “torcedores fanáticos” continuam descontentes: não gostaram da contratação do Ney Franco, continuam querendo a cabeça de vários jogadores, estão chiando bastante das “férias” de 15 dias do elenco e da não contratação de Messi, Cristiano Ronaldo, Ribéry e Neymar. Mas tenho certeza que também cornetariam grande parte destes jogadores, se estes estivessem no Flamengo. Sabem como é: se não reclamar, não tem graça.
Eu particularmente acredito que algumas destas críticas são até razoáveis: não existia mais clima para o Wallim e Pelaipe continuarem no comando do futebol. Nem tanto pelos resultados obtidos (dois títulos em 16 meses de mandato), e sim pela vaidade excessiva e intransigência em alguns momentos que ambos poderiam ter mudado a rota e decidiram iniciar uma “guerra fria” com outros setores do clube. Já as críticas para o Ney Franco eu acredito serem exageradas, pois ele não participou da montagem do time, ainda não conhece a capacidade de vários dos jogadores do elenco e ainda não obteve as peças que pediu, na reformulação que acontecerá no elenco na pausa para a Copa do Mundo. O Jayme tem infinitamente mais responsabilidade na mediocridade do time. Poderia ter mandado embora vários dos fracos jogadores e não o fez. E ainda perdeu o comando do time ao longo do ano. Não tinha mais como permanecer. É mais fácil trocar 30 jogadores ou trocar o técnico?
Fernandinho, Júlio César, Montillo, são alguns dos nomes ventilados nos últimos dias para reforçarem o Flamengo. Quantos jogadores virão? De acordo com comentários do Ney e do Ximenes, cerca de quatro ou cinco. Eu acredito que o time precise, urgentemente, de dois laterais, dois meias e um atacante. Se o Júlio César vier, talvez resolva o problema comportamental no nosso gol, que nos últimos tempos tem mostrado mais problemas fora de campo do que dentro. Montillo dificilmente vem. Ouviu-se que até Richarlyson poderia pintar na Gávea, o que seria uma afronta ao bom senso. Evidente que é apenas boato de mau gosto. O jogador não se destaca há um bom tempo, seria um André Santos ou Elano piorado.
As notícias boas da semana são referentes ao nosso campo de treinamento na Gávea, totalmente reformulado, um verdadeiro tapete. A Seleção da Holanda já está treinando e elogiando nossa estrutura, que de fato melhorou bastante em pouco tempo e com dinheiro da Federação Holandesa. Vai ser nosso legado da Copa. Outra boa notícia diz respeito à final do Mundial de Clubes da FIBA, confirmado para o Maracanãzinho, em duas partidas. Tenho absoluta certeza que os jogos serão difíceis, mas a torcida rubro-negra fará a diferença e vamos trazer mais esse título para nossa imensa galeria poliesportiva.
Quanto ao futebol, acredito que a mexida foi importante, a renovação é sempre bem-vinda em qualquer corporação ou grupo operativo e o Flamengo voltará bem melhor após as férias do que quando foi goleado pelo Cruzeiro. Só não pode virar uma temporada de “caça às bruxas” ou de irresponsabilidade orçamentária e financeira. Continuemos com os pés no chão, gastando somente o necessário dentro de nossas possibilidades, pagando as dívidas do passado e mantendo os salários em dia. Ou alguém acredita que aquela bronca do Ximenes no grupo após a derrota para o Cruzeiro aconteceria se estivessem devendo três meses de salário? Ronaldinhos, Vampetas e Romários estão na nossa memória para deixar claro que só temos como cobrar respeito e determinação quando respeitamos e honramos nossos compromissos contratuais.
E para os torcedores mais exaltados: guardem as vuvuzelas. Já conseguiram o que queriam, ajudando a desestabilizar a direção do futebol. Até fizeram um bom trabalho, pois estávamos precisando de uma mexida. Agora é nos focarmos na Copa do Mundo e torcermos pelo Hexa do Brasil e para que a Copa do Mundo não seja o fracasso que está sendo anunciado (até por que é nossa imagem enquanto País). Esportivamente precisamos de uma Copa de razoável sucesso, para que possamos continuar sediando finais de mundial de basquete, de vôlei, ligas mundiais, mundial de handebol etc. Um tremendo fracasso na Copa pode comprometer até possíveis investimentos de patrocinadores multinacionais aos clubes brasileiros. Depois de tanto dinheiro gasto às nossas custas, com estádios superfaturados e obras de mobilidade não entregues, passar vergonha na competição seria o pior dos mundos. Seria como estourar o cartão de crédito do amigo para organizar um churrasco de fim de semana e ainda deixar toda a carne queimar. Na esfera esportiva é importante que a Copa do Mundo do Brasil tenha um relativo sucesso. Na esfera política a história já é diferente, mas deixemos esse assunto para Outubro. A verdadeira manifestação política é na Urna Eletrônica. Não adianta reclamar por reclamar, se manifestar e não saber para onde mudar. SRN.
Daniel Mercer.