Deu pena ver o Flamengo em campo ontem. Se Marcelo Oliveira tivesse mandando forçar… A partida iria muito além do vexatório 3 a 0. Não mandou e ficou barato.
Muita coisa está errada na Gávea. A troca de Jayme por Ney Franco já foi indecente. A diretoria do Flamengo não mostrou a menor consideração. Desprezou a linda história do técnico e de seu pai no clube. Mais do que isso não teve o menor cuidado. Tinha todo o direito de trocar o técnico. Mesmo ele tendo conseguido conquistar a Copa do Brasil. Dado milhões inesperados ao clube. Inclusive com a disputa da Libertadores. Algo fora de cogitação quando Mano Menezes despediu o clube. Dirigentes fizeram questão de vazar para jornalistas amigos.
Jayme passou pela vergonha de se saber despedido pela imprensa. A terrível sensação de ser o último a saber A situação foi tão maldosa que queimo sua carreira como técnico. Poucos analisam o fraquíssimo elenco que o Flamengo tem. Não é por acaso que é o penúltimo colocado no Brasileiro.
Tivesse o Cruzeiro um pouco mais de vontade… E a goleada seria histórica. Os jogadores pararam porque quiseram nos 3 a 0. Se forçassem poderiam ter feito pelo menos oito. A confissão é do novo diretor executivo de futebol Felipe Ximenez.
O vice presidente Wallin Vasconcellos pediu demissão. Ele havia demitido Paulo Pelaipe. Ou seja, a falta de rumo no Flamengo é impressionante. O presidente Bandeira de Mello acordou para a vida. O clube mais amado do Brasil só é um gigante pelo futebol. É digno pagar a dívida de R$ 750 milhões.
Mas só isso não adianta. As cores rubro-negras precisam estar representadas por um grande time. É o reverso da medalha de possuir a maior torcida do país. A pressão nesses momentos ruins é implacável. A começar sobre Ney Franco. Ele teve uma péssima atitude. Ninguém no mundo do futebol acredita na sua versão. A de que se resolveu demitir do Vitória e só depois apareceu o Flamengo. Fosse assim, vários jornalistas não teriam a notícia. Antes mesmo dele procurar os dirigentes baianos.
Ele encontrou um elenco barato, fraco. Enxertado com veteranos problemáticos. Como Felipe, André Santos, Elano. E o maior desperdício financeiro do país. Carlos Eduardo. Contratação absurda que sangrou os cofres abalados do clube. Foram nada menos do que R$ 10.883.979,00. Pelo empréstimo de 18 meses. Inaceitável negociação amadora.
“Por um quinto desse valor, o Edmundo sofreu o impeachment.” A frase é do ex-presidente Hélio Ferraz. Ele foi a prova viva que o Flamengo não tinha rumo. Bandeira de Mello queria a economia no futebol. Mas jogou dinheiro fora como ninguém.
Nesta parada para a Copa haverá uma reformulação profunda no elenco. Dois nomes já foram tentados. Montillo e Júlio César. O meia argentino viria por empréstimo. Mas a equipe chinesa do Shandong Luneng não aceitou. Afinal, pagou R$ 23,6 milhões por ele. O clube carioca só quer o empréstimo. Quanto a Júlio César a proposta vazou. R$ 450 mil e mais bônus por conquistas. Ele recebe R$ 820 mil no Toronto. O goleiro ficou de dar a resposta após a Copa. Ele tem a esperança de ser campão e se valorizar. Tanto para jogar no Flamengo como continuar no Exterior.
Nem mesmo Ney Franco está seguro no cargo. Dirigentes já fizeram chegar a jornalistas cariocas. Ele tem se mostrado muito inseguro. Sem firmeza em um momento tão delicado. O medo do rebaixamento para a Segunda Divisão é real. Seria um caos ao clube.
A eventual inédita visita à Segunda Divisão teria sérias consequências. A começar pelo contrato com a Adidas. O Flamengo seria ferido no bolso. Está no contrato. Rebaixamento, menos 15% nos R$ 36 milhões anuais. Se não conseguir subir e ficar dois anos na B, aí é mais triste. Desconto de 50%. Apenas R$ 18 milhões entrariam no cofre. A não classificação para a Sul-Americana já incomodaria. Desconto de 10%. Se o clube não conseguir duas vezes seguidas: 25% de desconto.
A marca alemã quer reconhecimento internacional. E não fica feliz com a perspectiva de economizar. Pelo contrário. A relação que já está ruim, ficará impossível.
O torcedor deu sua resposta. O Flamengo é apenas o sexto colocado atuando em casa. 13.878 pagantes como mandante depois de nove rodadas. Ainda é o primeiro como visitante. Seu peso para as torcidas adversárias locais ainda é grande. Mas o número diminui a cada partida. Apenas 23.254 pagantes. Está em quarto na média geral. Atrás de Corinthians, São Paulo e Fluminense. Tem no total 17.394. Postura e números indignos para o Flamengo. A audiência na tevê também está caindo. Clube favorito da Globo nos jogos para o Rio… As transmissões das partidas não mais empolgam ninguém.
Bandeira de Mello aceito a saída do vice Wallim. Ele era o seu homem de total confiança no futebol. Mas na atual fase, mandaria embora um irmão se estivesse no cargo. O clube mais popular do Brasil está sem rumo. Se nas finanças o pagamento das dívidas acontece. A postura é extremamente madura, profissional.
No futebol tudo é tão amador e incompetente. Como nos piores momentos de Patricia Amorim. A sorte é a parada para a Copa do Mundo. Se o Flamengo voltar no mesmo embalo… Corre muito risco de acabar com um grande motivo de orgulho. Ser a única equipe carioca que ainda não foi para a Segunda Divisão. O que faz vários dirigentes ironizarem dizendo que clube grande não cai.
Se não for feita uma profunda mudança de rumos, o caminho está traçado. Rebaixamento. O Flamengo é o clube mais bipolar do Brasil. De primeiro mundo na recuperação da inacreditável dívida de R$ 750 milhões. E de quinto mundo no futebol, cometendo todos os erros possíveis. Pedindo para ser rebaixado…
Fonte: Blog do Cosme Rímoli