A dependência das cotas de televisão é um fato para a saúde financeira dos times brasileiros de futebol, mas o Flamengo tenta quebrar este paradigma ampliando outras formas de arrecadação de dinheiro, principalmente com a bilheteria dos jogos. Baseado no modelo dos grandes clubes europeus, a diretoria rubro-negra projeta ter três fontes iguais de receita nos próximos anos: um terço da grana viria da TV, um terço de bilheteria/estádio e um terço de patrocínios e publicidade.
Atualmente, as três fatias do bolo estão divididas em tamanhos bem desiguais, mas nos últimos anos essa proporção vai chegando cada vez mais perto da meta estipulada. Em 2012, quando o Flamengo teve R$ 212 milhões de receita bruta, 54% deste total veio dos direitos de TV, 21% de patrocínio e apenas 5% de bilheteria. Em 2013, o desequilíbrio desses números diminuiu para 43%, 23% e 18%, com arrecadação total de R$ 273 milhões. De acordo com o orçamento programado para 2014, o clube teria R$ 342 milhões de receita, sendo 35% de TV, 25% de patrocínios e 26% de bilheteria e programa de sócio-torcedor.
O que mais chama atenção neste período é o aumento da arrecadação com a bilheteria, que foi de R$ 10 milhões em 2012, saltou para R$ 49 milhões e tem projeção de fechar 2014 com R$ 91 milhões, sendo R$ 46 mi diretamente de bilheteria e mais R$ 45 mi do programa de sócio-torcedor Nação Rubro-Negra.
Os números apresentados no Encontro Anual de Parceiros do Flamengo, no mês passado no Rio de Janeiro, também mostram um crescimento da grana recebida com patrocínios, que subiu de R$ 44 milhões para R$ 63 milhões nos dois últimos anos e tem previsão de terminar 2014 com R$ 88 milhões.
Com a evolução dessas duas importantes fontes de receita, a dependência flamenguista das cotas de TV está diminuindo consideravelmente, mesmo com este valor tendo ficado praticamente estável. O clube da Gávea faturou da televisão R$ 115 mi em 2012, R$ 116 mi em 2013 e R$ 120 mi agora em 2014.
“Desde que nós assumimos a diretoria do Flamengo, em dezembro de 2012, estamos nos esforçando para melhorar o quadro financeiro do clube. Um dos nossos objetivos, além de sempre aumentar a receita, é distribuir melhor a forma como este dinheiro é arrecadado. A meta é ter três principais fonte de receita iguais, sendo um terço da televisão, um terço da bilheteria e um terço de patrocínios”, explicou vice-presidente de marketing Luiz Eduardo Baptista, o Bap, durante o Encontro Anual de Parceiros do Fla.
Aumento da arrecadação com bilhetria x ingressos caros
O crescimento da arrecadação do Flamengo com a bilheteria é um ponto positivo nas finanças do clube. Por outro lado, o alto preço cobrado pelos ingressos nos jogos do time é motivo de polêmica e gera críticas por parte dos torcedores. A diretoria rubro-negra, porém, joga a culpa nas taxas cobradas pelo Consórcio Maracanã.
“A história dos preços dos ingressos é interessante, porque o mundo quer discutir as consequências e não as causas. Eu tenho dito muto claramente, se você quer morar na Vieira Souto (avenida da praia de Ipanema), vai pagar um condomínio caro, um IPTU caro. Nós temos um intermediário que é o Consórcio Maracanã, a Odebrecht, que faz com que os preços dos ingressos sejam mais caros no Maracanã, no modelo de negócio que nós fizemos. Ano passado, o Flamengo faturou R$ 50 milhões e levou para casa só R$ 20 milhões. Se o Flamengo jogasse no Mineirão, em Belo Horizonte, e faturasse os mesmos R$ 50 milhões, levaria para casa R$ 39 milhões. Agora, existe gente levando tanto dinheiro para casa quanto o Flamengo. Infelizmente, no Estado do Rio de Janeiro, quem paga essa conta é o torcedor. O Flamengo não pode jogar e pagar para jogar, ou não levar dinheiro para casa”, afirmou Bap, em entrevista ao ESPN.com.br.
Fonte: ESPN