“Há algo de podre no reino da Dinamarca”. A frase, cunhada por Shakespeare, referia-se às traições que ocorriam na história trágica do príncipe Hamlet. Traçando um paralelo, ouso dizer: há algo de podre no reinado azul da Gávea. Que, aliás, fica bem marcado pelo atropelamento que sofremos no último jogo: algoz azul!
A situação é periclitante. São 45 dias, reforço, QUARENTA E CINCO DIAS, na zona de rebaixamento, fora os dias que já estávamos. Esse é o tempo que teremos, no mínimo, de aturar as gozações, cheias de razão, diga-se de passagem, dos arcoirianos.
Disse, em meu último texto, que o time é fraco e sustento a afirmação. É fraco demais. Mas, além disso, é soberbo. Acha-se grande quando é pequeno demais para representar o Flamengo. Bem a cara do André Santos, que sempre pensou ser um jogador fodástico quando é, no máximo dos máximos, regular. Sei de gente que o considera medíocre.
Ganhar a última Copa do Brasil e o último Estadual não mascaram a péssima campanha no Brasileiro passado, a eliminação precoce na Libertadores desse ano e, muito menos, a horrorosa campanha no Brasileiro desse ano. Não mesmo. Gosto de ganhar Estadual? Adoro! Mas isso é obrigação. Copa do Brasil? É muito bom! Mas longe de ser um Brasileiro e quase nada comparada a uma Libertadores. Ninguém merece viver todo ano o suplício de ser quase rebaixado, muito menos quando ainda estamos na nona rodada.
Podre mesmo é ter um diretor de futebol, como o Pelaipe, com suas contratações esdrúxulas e duvidosas e um vice-presidente de futebol covarde e traidor que joga a toalha colocando a culpa nos outros, dizendo-se decepcionado com a torcida. Ora, foi ele quem disse que com 50 ou 60 mil sócio-torcedores teríamos um time forte. Tivemos 65 mil e esse é o time que merecemos? Ele tem a petulância de dizer que a torcida não ama o Flamengo? Devemos entregar dinheiro para gastarem da forma que gastaram? Contrataram mal, gastaram mal e a culpa é nossa?
Estou preocupado, mas ainda não estou desesperado. Apesar da chegada de Ney Franco, apesar dos 45 dias na zona de rebaixamento, Carlos Eduardo foi embora, Pelaipe foi embora e Wallim deixou de ser VP de futebol. O Felipe Ximenes chegou para ser o novo diretor executivo de futebol e terá 45 dias para promover mudanças. Creio que a parada para a Copa será providencial. Tem que fazer uma limpa no elenco, mandar embora qualquer um que não tenha comprometimento, QUALQUER UM; e contratar direito, com ousadia, criatividade, inteligência e competência. Missão dura para o Ximenes, visto que não se viu isso ainda durante o reinado azul.
Voltando a Hamlet, “Há mais mistérios entre o Céu e a Terra do que sonha nossa vã filosofia”. Não sabemos quais os mistérios que os azuis guardam entre si, mas entre o Flamengo e a Torcida ainda há esperança e, mesmo que o Wallim não acredite, há amor perene, que é o motivo por trás de toda e qualquer cobrança. Se ele não sabe lidar com isso, se não consegue enxergar isso, fez bem em colocar o rabo entre as pernas e pular fora. Pena que foi tão tarde.
Há tempo para mudança do time, para o remontar, e há tempo para se levantar na competição. Ainda há 29 jogos, ou seja, 87 pontos em disputa. Só me resta apostar no trabalho do novo diretor de futebol e esperar que o tempo de zoação que aturarei sirva como tempo de planejamento e preparação. Eu escolho acreditar!
Por Fabrício Mohaupt
fabricio@magiarubronegra.com.br
@titomohaupt
Fonte: Magia Rubro-Negra