Após outro capítulo de sofrimento, dessa vez contra o lanterna da competição, conseguimos três pontos preciosos em nossa luta contra o rebaixamento. Nada de importante, salvo a boa atuação do Everton, premiado com o gol e a exibição segura da defesa, mesmo com os sustos do Marcelo e as pixotadas do João Paulo e a Avenida Léo Moura. Menção honrosa ao Paulo Vítor. No meio campo, sai um, entra outro e inexiste criação. Na página dos gringos, nem sentimos falta do Cáceres, o Canteros fugiu de novo da mesmice e o Mugni continua um enorme ponto de interrogação. Pelo menos saímos do fundo do poço e sentamos na beirada. Agora é enfrentar o garnizé no Maracanã e torcer por mais três pontos em nosso desafio de escalar a tabela.
Nesse meio tempo, contratamos o Elton, quem diria. E por aqui, o meu último texto levantou um debate curioso. Alguns defenderam pontos de vista interessantes, de maneira equilibrada e razoável. Embora eu discorde no que se refere a jogadores dispensados, caso do Cadu, do Ibson e do Renato Abreu. Entendo que não deveríamos sequer ter contratado o Cadu, muito menos pagar a fortuna que ele recebeu. Quanto ao Ibson, assim como o Renato Abreu, penso que deveriam ter os contratos rescindidos de maneira inteligente e profissional, ao invés de rescindi-los da maneira atabalhoada como feita. Assemelharam-se muito ao caso Jayme de Almeida.
Por outro lado, essa diretoria jamais possuiu planejamento, pelo menos no futebol. Alguém leu a plataforma de campanha dos azuis? E o detalhamento? Contrataram muito mal, a começar do executivo responsável pelo futebol, seja diretor, gerente, o nome que preferiram atribuir a um inoperante. Dispensaram pior. Foram e são amadores em muitos assuntos, em especial no fato de subestimarem o tamanho dos problemas no clube e superestimarem suas capacidades. O melhor exemplo disso é a distância de quem manda, o Bap. E a outra eminência parda, o Walim, administrador oculto. Não se admite administrar o Flamengo de São Paulo ou das sombras, quando muitos não conseguiram fazê-lo mesmo estando aqui no Rio, às claras.
Respeito a opinião dos que insistem numa defesa inconteste dessa gestão, mas me julgo no pleno direito de divergir deles. Não embarco na história de que “todos erram”, de que “ruim com eles pior sem eles”. Também me considero sensato ao não querer ir aos jogos sacrificando meu problema físico, nesse caso para apoiar o clube da minha paixão há mais de cinco décadas. Muito mais sendo gerido de forma radical e equivocada, colocando em risco nossa trajetória esportiva e nossas tradições. Aceito, pois não sou imbecil, a providência de sanear as finanças do Flamengo. Mas, não admito conduzi-lo até a morte esportiva com medidas intempestivas e inadequadas.
O Flamengo só se livrará das monstruosas dívidas a muito longo prazo, com a união dos rubro-negros mais proeminentes, ex-presidentes, cabeças com ideias e experiências mais criativas do que as utilizadas hoje em dia. Temos que nos valer de outras tentativas, dos seus sucessos e dos seus erros. Não parece inteligente se voltar contra o passado, mas aprender com ele, evitar repetir falhas e aproveitar o que deu certo. Passar o chapéu pela torcida e iludi-la como foi feito no caso do Elias e dos ingressos da Copa do Brasil é inaceitável. Ainda bem que se deram conta da importância do apoio da Nação e baixaram o preço no Brasileiro, para que a mediocridade em campo recebesse uma potente injeção na veia. A maior de todas.
E pouco me importo se não me leiam pela minha opinião sincera e desinteressada. Não defendo interesse algum a não ser o meu. E desejo com muita esperança que isso passe e possamos respirar para lamber as feridas e resgatar nosso amor próprio. Não me orgulha pagar as dívidas. Isso é obrigação de todos, pessoas físicas e jurídicas, nesse país de corruptos inescrupulosos em todos os escalões do poder. O meu orgulho é ver o meu clube vencendo. Abrandando no coração de quarenta milhões de torcedores a angústia dos acontecimentos nacionais, as mazelas do dia a dia. O Flamengo tem a missão de formar cidadãos através do esporte e de abrir sorrisos nos lábios de quem tem poucos motivos para sorrir. Tanta gente sofrida precisando de um bálsamo e soberbos.
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Fonte: Magia Rubro-Negra