Na última semana, a revista Exame divulgou os 24 clubes mais endividados do futebol brasileiro. Entre os três primeiros estão Flamengo (R$ 759,4 milhões), Botafogo (R$ 698,1 milhões) e Vasco (R$ 518,4 milhões), três dos quatro grandes do Rio de Janeiro que, inclusive, só não preencheu as quatro primeira vagas, porque o Atlético-MG, com R$ 438,4 milhões, está na frente do Fluminense que deve R$ 422,7 milhões.
Imersos em dívidas, os clubes brasileiros se encontram em um poço sem fundo no qual o dinheiro continua a sair em uma quantidade muito maior do que entra. As cotas da televisão, os patrocínios e os programas de sócio-torcedor não estão dando conta de bancar os times de futebol no Brasil.
Os motivos para isso são variados e estão atrelados a décadas de erros das “famigeradas gestões anteriores”, mas as administrações atuais também têm grande parcela de culpa, sobretudo no que se refere à criação de alternativas para a redução de despesa e para a criação de novas fontes de renda.
Apáticas, as diretorias dos clubes brasileiros veem seus torcedores criarem iniciativas próprias para tentar pôr fim aos problemas financeiros. Dentro deste sentido, o crowdfunding surge como tábua de salvação.
O que é crowdfunding?
Crowdfunding, que também pode ser entendido como financiamento coletivo, consiste na obtenção de capital para projetos através da geração de múltiplas fontes de receitas. Em contrapartida, os investidores recebem, não obrigatoriamente, recompensas financeiras ou materiais pelo esforço empregado.
Como o crowdfunding vem sendo usado no futebol?
No futebol, essa plataforma de investimento vem sendo utilizado pelas torcidas dos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro, mas também Corinthians e Palmeiras já fizeram uso deste mecanismo, embora não tenha obtido sucesso.
Em relação aos clubes paulistas, o objetivo do crowdfunding era um só: permitir a contratação de reforços. O Timão chegou a esboçar uma campanha nestes moldes, porém, ante a recusa prévia do Fenerbahçe-TUR em liberar Cristian, o projeto não avançou. O Palmeiras, por sua vez, foi mais a frente e chegou a criar um site próprio para arrecadar a quantia necessária para contratar o meia Wesley. No fim, o jogador foi contratado, mas a iniciativa esteve longe de alcançar o valor almejado.
No Rio de Janeiro, torcedores de Botafogo, Flamengo e Vasco vem utilizando essa forma de financiamento para tentar reduzir as dívidas históricas dos clube. Ao contrário do modelo paulista, o carioca não possui apoio das diretorias destes times e não visa um resultado no curto prazo.
O Vasco foi pioneiro no projeto e a campanha “Vasco Dívida Zero” já quitou mais de R$ 960 mil. O “Botafogo Sem Dívidas” quitou aproximadamente R$ 112 mil, enquanto o “Fla em Dia” já passou de R$ 1 milhão em débitos abatidos.
O Tricolor Carioca, no entanto, usa o projeto por meio de sua diretoria e já foi bem sucedido com o crowdfunding na edição do livro “110 Jogos Inesquecíveis – Guerreiros desde 1902 anos”. Atualmente, espera repetir o mesmo sucesso ao produzir um livro, uma medalha e um busto para Washington e Assis, o “casal 20″.
Dá para acreditar no crowdfunding?
Pelos exemplos observados até agora, é possível enxergar potencial no crowdfunding, mas na velocidade em que está caminhando, isso vai demorar muito tempo. Com ou sem o apoio das diretorias, essas ações não garantem a arrecadação de valores suficientes para alcançar o objetivo almejado.
A sensação que se tem é que o crowdfunding esbarra no mesmo problema que os programas de sócio-torcedor: a falta de perspectiva de retorno dos torcedores. Entregar o dinheiro para o clube de coração sem visualizar um retorno é difícil, justificável e perceptível nas duas iniciativas.
Fonte: Torcedores.com