No dia 20 de julho, o Flamengo foi goleado pelo Internacional e passou a ocupar a última colocação do campeonato. O desespero era geral e o time em campo, de tão amargo, só dava desgosto aos torcedores. Pouco mais de um mês e cinco vitórias em seis jogos depois a situação mudou por completo. O time além de vencer, anda convencendo e já subiu nove posições na tabela. O limão virou uma limonada. Em minha opinião, os principais ingredientes para essa receita de sucesso (até aqui, pelo menos) foram:
1) Vanderlei Luxemburgo
O primeiro ingrediente é óbvio: o treinador. O desempenho do Flamengo após a chegada do Luxemburgo, em 23 de julho, não deixa dúvidas sobre sua participação na transformação do time. Até os usuais críticos dele se renderam. Ainda é cedo para garantir que o velho Luxa esteja de volta, mas é muito bom vê-lo novamente animado, com brilho nos olhos, querendo provar ao mundo que não está decadente. Uma equipe que já começava os jogos derrotada se tornou outra, ciente de suas limitações, mas que, mesmo assim, não se entrega enquanto não alcançar o resultado positivo.
2) Preparo Físico
Além do treinador, o preparador físico Antônio Mello, trazido pelo Vanderlei, merece destaque. Ao invés daquele time “pregado” de outrora, temos uma equipe decidindo jogos nos minutos finais.
3) Raça
Com Ney Franco, a suspeita era de que havia um motim em curso para derrubar o treinador, tamanha a displicência com que a equipe se apresentava em campo. Não sei se era boato, mas o fato é que desde que Luxemburgo estreou no clássico contra o Botafogo, a postura do time em campo, em termos de dedicação, empenho e vontade é outra, completamente oposta.
4) Reforços
Não tivemos apenas uma mudança física e tática, aconteceu também um importante “upgrade” técnico, especialmente graças à chegada de dois novos reforços – Canteros que tem se mostrado fundamental na organização do meio-campo e Eduardo da Silva que tem sido decisivo, participando de praticamente todos os gols do Flamengo. Aproveitando-se da máxima Werneckiana de que “contratação boa é aquela que dá certo”, depois de uma série de equívocos é muito bom ver que desta vez o clube foi cirúrgico no processo de seleção. Quem tem a situação financeira como a do “Mais Querido” não pode se dar ao luxo de desperdiçar as poucas balas na agulha disponíveis mirando em alvos errados. Muito provavelmente os resultados não estariam sendo tão positivos se não contássemos com o argentino e o croata na equipe.
5) Afastamento de Antigos Medalhões
Além da chegada de jogadores, também considero importante o afastamento de outros. Na mesma semana que se anunciou a chegada do novo treinador, alguns jogadores foram afastados do elenco. André Santos, envolvido em uma série de polêmicas, e Elano, que não conseguiu jogar em bom nível, já assinaram suas rescisões contratuais. O outro afastado foi o goleiro Felipe, que ainda permanece no elenco, mas nem mais no banco fica. Coincidentemente após a saída dos veteranos, o time passou a mostrar outra disposição em campo. Aliás, essas saídas provocaram, entre outras coisas, uma redução na idade média do time, o que facilita o trabalho da preparação física.
6) Felipe Ximenes
Além da Copa do Brasil (onde tivemos a sorte do Jayme ter assumido) e do estadual, Pelaipe nos deixou como herança uma equipe cara, fraca tecnicamente e repleta de contratações duvidosas (segue link para o artigo que escrevi criticando a contratação do ex-diretor ainda em dezembro de 2012). Após perdermos quase meio mandato com um amador remunerado, a diretoria resolveu apostar em um verdadeiro profissional da área. Ou seja, alguém que estudou e se preparou para exercer a atividade de diretor de futebol. Mesmo ainda sem um grande currículo, sendo, portanto, ainda uma aposta, Ximenes vem dando conta do recado e teve o mérito de comandar as citadas transformações em nosso elenco. Como exemplo da nova filosofia implantada, o novo comandante do futebol rubro-negro criou um setor para servir como um facilitador para a adaptação de atletas recém-contratados. Assim, quando Canteros, por exemplo, foi apresentado e recebeu camisas e uma carta de boas-vindas assinada pelo Zico, o novo departamento já havia levantado os seus hábitos e preferências. Menos de uma semana depois, com assessoria do clube, o jogador e sua família já estavam instalados em definitivo no Rio de Janeiro e tinham adquirido um veículo por aqui. Além disso, os funcionários do departamento recomendam pontos turísticos, restaurantes, escolas, etc. Não é à toa que as novas contratações parecem ter se adaptado mais rapidamente do que o costume no clube.
7) Redução no Preço dos Ingressos
Já escrevi aqui sobre a falta de sensibilidade na adoção de preços altos e que isso contrariava o DNA rubro-negro. Por outro lado, também já comentei, nas diversas análises das demonstrações financeiras (muitas vezes em conjunto com o Walter Monteiro) que o Flamengo precisava desesperadamente da receita de bilheteria. Portanto, entendo a política de preços que vinha sendo adotada. Porém, naquele momento, não havia mais alternativa. Era preciso convocar a torcida. Manter os ingressos nos patamares anteriores seria passar um recado de que não precisavam da força vinda das arquibancadas. Assim, o Flamengo acertou em reduzir os preços, como se estivesse suplicando: “Nação Rubro-Negra, só você salva!”.
8) Pressão Política
Como era esperado, segurar a lanterna da competição, fez ferver o caldeirão da Gávea. Afinal, tínhamos atingido nosso piso, uma vez que #TimeGrandeNãoCai. A pressão veio de todos os lados: torcida, sócios, conselheiros, jornalistas, redes sociais, blogs e ex-presidentes, entre outros. Estou convencido que essa indignação é uma de nossas grandes forças Há situações inadimissíveis e ser rebaixado é uma delas. Até então, a diretoria reafirmava a continuidade do Ney Franco, inclusive não tendo aproveitado o período da Copa para a correção necessária dos rumos. Coincidência ou não, após uma carta assinada por ex-presidentes, foi anunciada a troca da comissão técnica e a retomada do caminho para o topo – único aceitável para um clube como o Flamengo.
9) Força da Arquibancada
Por último, o ingrediente principal. Não se pode falar de Flamengo sem falar da torcida. Diante da mensagem, ao reduzir os ingressos, de que se precisava da força vinda das arquibancadas, a Nação Rubro-Negra, mais uma vez, comprou a briga. Time em último e até o treino, realizado na Gávea, ficou lotado, o que diria o Maraca. Jogadores recebendo carinho e incentivo. Isso é o Flamengo! Não havia como ficar indiferente. Veio a vitória suada. O movimento foi mantido e a torcida continuou fazendo a sua parte. Entoou-se cânticos até no intervalo de um jogo onde estávamos perdendo e jogando mal. Novamente, a Nação faz a diferença!
#TorcidaGiganteNãoCai (® @Vivi_Mariano)
O gosto amargo do limão aos poucos está sendo substituído pelo adocicado da limonada com ajuda dos ingredientes acima. Mas, a hora é de manter a humildade, o “sapatinho máximo”. Não podemos entrar no oba-oba que amanhã já temos Copa do Brasil e um título de campeão a ser mantido.
Simbora, Mengão!
Juntos, somos invencíveis! Esta é a Magia de Ser Rubro-Negro!
O Flamengo pertence à Nação Rubo-Negra!
JEFF – Jorge E F Farah
Fonte: Magia Rubro-Negra