O dinheiro da venda de Hernane ao Al Nassr ainda nem bateu nos cofres do Flamengo, mas parte dele já tem destino certo, e para longe da Gávea. Cerca de R$ 1,4 milhão dos R$ 7 milhões que o Rubro-Negro tem direito pelos 50% dos direitos econômicos do Brocador serão repassados para Traffic. A empresa de marketing esportivo intermediou a transação que virou imbróglio e foi parar na Fifa. A entidade determinou que o Rubro-Negro conceda o documento liberatório para que a transferência internacional seja oficializada mesmo sem ainda ter recebido um tostão.
O valor da comissão no caso de Hernane é 10% do valor líquido da transação. O total que poderia atingir R$ 1,4 milhão ainda passa por dedução de impostos até chegar à empresa.
O acordo não envolve o Al Nassr. Um documento a parte entre Rubro-Negro e Traffic sela o acordo da comissão. O pagamento ao responsável por ligar as partes envolvidas em uma negociação é quase praxe no futebol. O valor que sobrará para o Flamengo, porém, fica bem abaixo dos R$ 7 milhões propagados durante o negócio. Ainda assim, o dinheiro que ainda não pingou ajudaria a vida financeira do clube, que também terá que pagar os honorários do advogado Marcos Motta por orientá-los em ação na Fifa, território no qual Motta tem extremo conhecimento.
A negociação entre o clube e árabes contou com a participação direta de um advogado da Traffic, além do diretor executivo Felipe Ximenes e do coaching Fernando Gonçalves, ambos em nome do Flamengo. Fernando foi por muitos anos diretor da empresa de marketing esportivo. E sua atuação em negociações gera questionamento em alguns setores do clube, já que as ações extrapolam o que determina a função.
No acerto entre Flamengo e Traffic ficou decidido que o Rubro-Negro só pagará a comissão após receber o montante que tem direito do Al Nassr. Até o momento, o clube saudita está atrasado em cerca dez dias no pagamento da primeira parcela, mas conseguiu na Fifa a liberação do documento que permite que Hernane seja liberado para jogar.
O diretor de futebol Felipe Ximenes admitiu ter liberado jogador para viajar à Arábia Saudita, mas disse que o imbróglio está nas mãos do departamento jurídico.
O Flamengo ainda acredita que poderá receber o dinheiro dos árabes em breve, mas já se resguarda e admite que a cobrança poderá parar na Fifa, onde os clubes já trocam documentos desde a semana passada. O Al Nassr oscila entre negociações milionárias e a fama de mau pagador.
– Procurei passar isso para pessoas que trabalham com o Hernane. A estrutura é boa, eles têm o dinheiro, mas não sei o que se passa internamente que ficaram me devendo uma parte grande dos salários – revelou Elton, atacante que chegou ao Flamengo vindo do Al Nassr.
Fonte: GE