Fiquei tão amarradão com essa vitória do Mengão que hoje nem vou sacanear o Galu. Coitados dos caras, são prisioneiros do destino, condenados a repetir eternamente a mesma estúpida ação: sair lá de Belzonte pra jogar no Maracanã e levar uma coça do Urubu. Todo ano é a mesma coisa, mas os caras não aprendem. Tinham que pegar como exemplo a torcida do Flamengo, que já mostrou que é capaz de aprender com os próprios erros.
A torcida do Mengão, a maior do mundo, foi mais uma vez fundamental para a construção do resultado. A Magnética chega junto mesmo, acende o fogo, adensa a atmosfera e transforma o Maraca na tradicional panela de pressão de assar galo. Se o time do Flamengo atuasse sempre como a torcida atua, com papai no bolso e mamãe no coração, o Mengão já seria dodecacampeão mundial.
Luxemburgo extrapolou na escalação com 18 cabeças de área, 6 defensores e 4 cabeças de bagre na contenção, que obviamente fizeram nada e tomaram gol (o primeiro milho é sempre dos pintos), mas pelo menos percebeu a tempo a merda que tinha feito e foi logo tratando de apagar as provas do crime na base da substituição enlouquecida. Assim que tomamos aquele gol idiota ele tirou Luiz Antônio, seguindo as recomendações do Jurídico do Flamengo, do delegado e do próprio advogado de Luiz Antônio que já haviam proibido terminantemente que o jovem meio-campista continuasse dando carrinhos por aí.
A entrada de Nixon jogou o Mengão pra frente e rapidamente neutralizamos o falso domínio até então exercido pelas cocotas. Domínio que se devia principalmente à atuação desastrosa do apitador Sandro Meira Ricci, um consagrado antiframenguista que se continuar assim, ouso dizer, jamais será um Wright. Mas mesmo com o placar adverso o jogo agradava à torcida, que é sabidamente viciada num perrengue e não parava de cantar e xingar como se não houvesse amanhã.
Veio segundo tempo, o Flamengo começou a crescer pra cima dos caras, que sem saída, se encolheram e só davam bicudas para onde o nariz apontasse. Luxa mais uma vez mexeu, mas dessa vez foi corajoso tirando Arthur e Marcio Araújo e de uma vez só conseguiu elevar a média de Q.I. da equipe em pelo menos 30 pontos com a entrada de Mugni e Eduardo da Silva. Na primeira jogada que o croata participou, pênalti. Leo Moura, Highlander, foi lá e bateu que nem a cara dele. Mesmo assim o goleirinho dos caras aceitou. Partida empatada e desespero total na Galinholândia.
Agigantado, mal cabendo dentro de seus Mantos, o Mengão foi cumprir seu destino e começou a apertar o time menor. Num cruze maneiro do João Paulo a bola foi certinha na cabeça croata do ex-craque das favelas e ele não perdoou: saco! Eduardo, artilheiro do Maraca! Mengão na frente, universo em desencanto, descontrole total nas arcoirislândias. Au secours! Todos aos botes, o Mengão mauzão vem aí! É bom se segurar porque a poeira vai subir.
Vocês não são capazes de imaginar a minha alegria, eu que estou em BH, ao perceber o silêncio ensurdecedor provocado na capital mineira pelos dois gols do Mengão. No dia anterior eu tinha tirado tanta onda no trabalho com meus amigos atleticanos que se o Flamengo perdesse eu ia ter que ficar doente pelo menos até segunda-feira. Mas como tudo deu certo pra nós agora é bem possível que meus amigos monotitulados faltem ao serviço a semana toda. Que dureza!
Todo o time está de parabéns, mas vou destacar um jovem valor que tem mostrado verdadeira fibra de rubro-negro e honrado o Manto como se tivesse nascido dentro de um. Falo de Marcelo, nosso beque de poucas palavras e cara de mau. Um monstro dentro de campo. Só na chuteira esquerda do Marcelo existe mais seriedade do que em 10 Congressos Nacionais juntos.
Ainda não conquistamos aquela sólida posição no G16 que merecemos, mas tudo indica que é uma questão de tempo. Ao fim da partida fiz uma simulação criteriosa e imparcial das últimas 3 rodadas do turno e não estranhei ver que o Mengão pode terminar a primeira metade do campeonato em 5º lugar na tabela. Nada surpreendente para quem nasceu e vive no topo da cadeia alimentar do futebol nacional.
O resumo dessa partida é que a coragem venceu o medo. Isso é Flamengo. Vamos continuar nessa batida, fingindo que somos ruins e que não esperamos desse Brasileiro nada além do que a manutenção da nossa honra. E quando a coisa apertar é só chamar a torcida que ela sabe o que fazer. No sapatinho frenético a gente chega lá.
Fonte: Urublog