Aconteceu contra Atlético Mineiro e Criciúma. No Maracanã após a troca de Luis Antonio por Nixon, ainda no primeiro tempo, Vanderlei Luxemburgo armou o Flamengo primeiro com duas linhas de quatro. No meio, a partir da direita com Márcio Araújo, Canteros, Cáceres e Everton. Na frente, Arthur e Nixon. Dupla pressionando zagueiros e volantes.
Intensidade. Velocidade pelos lados, especialmente à esquerda com Everton e João Paulo, livrando o time da eterna dependência das ultrapassagens de Leonardo Moura pela direita. Sem o toque diferente, mas correndo e desgastando o adversário. Mesmo pecando em fundamentos – no Heriberto Hulse, cruzou 15 vezes e errou 13 em 45 minutos. No entanto, a estratégia cansa e joga o “saco de cimento”, tão citado pelo técnico para reforçar a idéia de sofrimento, nas costas dos rivais.
A qualidade técnica sai do banco para decidir. Lucas Mugni entra para articular pelo centro, fazer o time trocar mais passes e aumentar a posse de bola. Eduardo da Silva é quem vem resolvendo. Quatro jogos, uma trinca de gols que rendeu nove pontos. Três das cinco vitórias em seis partidas com o novo treinador. Quatro seguidas. O Fla de Luxa tem 83% de aproveitamento. Sete gols marcados, apenas dois sofridos. Números impressionantes para quem parecia fadado a sofrer até o final do campeonato.
Mas pode render mais. Com as vitórias vem a confiança. Porém trazem junto a atenção dos adversários, que podem controlar o jogo na primeira etapa e poupar energias para igualar a disputa no segundo tempo. Também bloquear as combinações pela esquerda. Mesmo mais próximo da zona de rebaixamento que do G-4 na tabela, o discurso de time fragilizado que tem como única missão evitar o pior não cabe mais.
Dosar técnica, intensidade e rapidez é possível para seguir evoluindo. Samir está em fase de recuperação e seu retorno aumenta a qualidade na zaga, mesmo com o bom entendimento entre Marcelo e Wallace. Luxemburgo pode alternar losango no meio-campo e o 4-2-3-1 com Cáceres, Canteros, Everton e Mugni. Paulinho voltaria para acelerar do lado oposto e Eduardo da Silva, mesmo sendo mais meia que centroavante, disputaria com Alecsandro e Elton a vaga como referência na frente.
Não é mau time. Está na média do Brasileiro e o trabalho coletivo pode e deve ser ser aprimorado. Parece óbvio que se criar alternativas e melhorar a produção as chances de continuar vencendo aumentam. O futebol bem jogado e com volume, mesmo sem espetáculo, não está desconectado dos resultados. Pelo contrário.
No Brasil se convencionou associar futebol feio, raçudo, “de guerreiros” à eficiência. Cruzeiro e agora o São Paulo vem mostrando o contrário. Talvez o Flamengo não dispute o título, mas conviver na primeira metade da tabela e tentar um vôo mais alto na Copa do Brasil não parece tão complicado.
A modéstia do “projeto” de Luxemburgo é válida para manter o foco, aliviar a pressão. Mas chegou a hora de largar o cimento e arquitetar um bom time.
Fonte: Olho Tático