Fla quer formar atletas e tornar o basquete autossustentável.

Na última semana, o Garrafão Rubro-Negro conversou com Leonardo Bruno, treinador da equipe sub-17 do Flamengo e uma referência para os jovens que atuam no clube. O comandante relembrou momentos da sua carreira, analisou o trabalho feito nas categorias de base e falou sobre outros assuntos. Confira o papo na íntegra a seguir.

Garrafão Rubro-Negro: Primeiramente, conte para o torcedor que nos acompanha um pouco sobre a sua história e chegada ao clube.

Leonardo Bruno: Minha experiência como treinador começou muito cedo, aos 17 anos, quando iniciei a faculdade de Educação Física da Universidade Estácio de Sá, em 2001. Tive a oportunidade de iniciar um trabalho voluntário no Colégio Santa Mônica, onde estudei praticamente a vida inteira, a princípio preparando equipes masculinas e femininas para o torneio entre as unidades da escola, denominado “Intersam”. Eu valorizo esse momento, porque pra mim foi determinante na minha carreira, foi quando eu decidi que era isso que eu queria fazer. Nesse tempo eu já era assistente da equipe Sub-18 masculina que representava o Colégio Santa Mônica no Intercolegial, e alguns atletas que surgiram no Intersam foram recrutados para essa equipe. Na época, o técnico era o Leonardo Baideck, de quem fui atleta e me tornei amigo ao longo desses anos, além de ter aprendido muito. Em 2002 e 2003, fui responsável pela equipe Sub-15 masculina do Colégio. Ganhamos dois títulos consecutivos do Intercolegial, e em 2003 cheguei ao basquete feminino do Tijuca Tênis Clube, onde fiquei até 2008, tendo conquistado um título estadual na categoria Sub-15 em 2005. Em 2008 fui para o masculino do Clube Comary, em Teresópolis, onde dirigi as categorias Sub-13, Sub-17 e Adulto até 2010. Em 2011 cheguei ao Flamengo, para comandar a categoria Sub-17. Desde então, tivemos a honra de vencer cinco torneios importantes fora do Rio e um Campeonato Estadual em 2012. No clube, também sou assistente do Paulo Chupeta desde 2011 na categoria Sub-22, disputando a Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB), tendo vencido duas vezes a maior competição de basquete de base do Brasil, em 2011 e 2013. No entanto, ao longo desses treze anos de carreira, o mais gratificante não foi conquistar títulos ou formar atletas de alto nível, e sim, ter contribuído positivamente para a formação de pessoas, e agradeço a Deus por isso.

Garrafão Rubro-Negro: Como você analisa o trabalho feito nas categorias de base do Flamengo em 2014 até agora?

Leonardo Bruno: Nosso esporte é cheio de detalhes técnicos e táticos, e o processo de formação de atletas é crucial para o desenvolvimento da modalidade. Os títulos do Flamengo na base nos últimos anos confirmam a qualidade do trabalho, mas vencer campeonatos nesse momento não é o mais importante. Nossa base vem tendo bons resultados graças ao empenho de todos na formação desses atletas, o que resultou na convocação de diversos jogadores para as seleções carioca e brasileira. Em 2014 iniciamos uma nova fase, ainda melhor. Houve uma aproximação maior com a equipe principal e hoje o Programa de Basquete do Flamengo é mais organizado e sólido. O José Neto é nosso Head Coach em todo o processo, não só na equipe principal. Hoje a mentalidade da diretoria é formar atletas em casa e tornar o basquete do Flamengo autossustentável. Mesmo quando trazemos jogadores de outros lugares, e isso acontece com mais frequência da categoria Sub-17 em diante, esses jovens são selecionados e trazidos com o intuito de que se desenvolvam como homens e se tornem atletas de verdade. É uma mentalidade de formação mesmo, em todos os aspectos.

Garrafão Rubro-Negro: Na última edição da LDB, o Rio de Janeiro contou com a participação de apenas duas equipes. Na edição do torneio dessa temporada, esse número subiu para cinco. Essa novidade pode ser um marco no fortalecimento das categorias de base dentro do Estado?

Leonardo Bruno: Com certeza. Esse é um passo largo para que as demais equipes solidifiquem seus projetos de basquete, e isso fortalece a modalidade no Rio de Janeiro. Ainda é pouco, mas com certeza está havendo um crescimento, e esse fato é bom pra todo mundo.

Garrafão Rubro-Negro: Esse ano, você e os outros dois técnicos da base (Ígor Melleti e Nelson Mourão) viajaram para os Estados Unidos para acompanhar a final da NCAA. Como foi essa experiência?

Leonardo Bruno: Na verdade, o que nos levou aos Estados Unidos esse ano foi a Convenção Anual da NABC (sigla em inglês para Associação Nacional de Treinadores de Basquetebol), que ocorre há mais de 70 anos por lá, e eles organizam essa convenção na mesma cidade onde ocorre o Final Four da NCAA, então é a junção perfeita do útil com o muito útil, e com certeza tudo foi muito agradável. Foi uma experiência única, uma oportunidade maravilhosa de aprendizado com técnicos do mais alto nível. O evento reuniu mais de mil técnicos de basquete, a maioria de universidades e escolas secundárias, além de técnicos internacionais. As palestras ocorriam o dia inteiro durante cinco dias, com um nível de organização acima de tudo que eu já tinha visto. Além de nós três, o Mauro Macêdo, técnico da categoria Sub-13 do Fluminense, também foi. E lá nós encontramos outro brasileiro, o Otávio Battaglia, que é treinador nos EUA. No primeiro dia de convenção, nós já decidimos que o evento entraria definitivamente pro nosso calendário. Aprendemos muito e crescemos como treinadores depois disso. Assistimos a final da NCAA, e isso foi um sonho realizado. Oitenta mil pessoas no estádio, dá pra imaginar a emoção, né? Não tenho nem palavras pra descrever.

Garrafão Rubro-Negro: O que você pode falar sobre a convivência com Paulo Chupeta e José Neto? Qual o aprendizado?

Leonardo Bruno: Olha, com essas duas feras o aprendizado é diário. O Paulo Chupeta tem mais de 30 anos como treinador, além de ter sido excelente jogador de basquete. Como sou seu assistente desde 2011, já aprendi muito e continuo aprendendo. Ele tem um currículo maravilhoso como técnico da equipe profissional do Flamengo, com quatro títulos nacionais (Nacional CBB 2008; NBB 2009; LDB 2011 e 2013), seis títulos estaduais consecutivos (2005 a 2010) e um título sul-americano (2009). O José Neto é outro que dispensa comentários. Além do excelente retrospecto na carreira antes de chegar ao Flamengo, ele é hoje, assistente técnico da Seleção Brasileira principal com muito mérito. Há pelo menos 10 anos o Neto vem realizando um excelente trabalho nas seleções de base do Brasil e hoje é o homem de confiança do Rubén Magnano. E com certeza é postulante ao cargo num futuro bem próximo. No dia a dia com ele também aprendo muito e agora teremos a oportunidade de conviver ainda mais, com a nova estrutura do nosso basquete, que, como citei anteriormente, tem a gestão técnica dele. Desde que chegou ao Flamengo em 2012, já liderou a equipe principal a dois títulos estaduais, dois títulos consecutivos do NBB e um da Liga das Américas. Com certeza estou no melhor lugar possível para crescer como treinador, convivendo com esses dois “monstros” do basquete e que já fazem parte da história do Flamengo.

Garrafão Rubro-Negro: Qual jogo mais marcante da sua carreira até aqui?

Leonardo Bruno: Essa pergunta é muito difícil. Acho que todo treinador está sempre ansioso pelo próximo jogo, e boas partidas acontecem quando o trabalho é bem feito. Modéstia à parte, acho que já tive muitos grandes jogos, seria injusto citar apenas um. Se eu tivesse o dia inteiro, citaria até alguns jogos que não vencemos, essa é a beleza do basquete. Esse ano de 2014 já me proporcionou momentos fantásticos com minha equipe. O ponto alto pra mim, por exemplo, é quando vejo os atletas colocarem em prática o que aprenderam no dia a dia dos treinos. Não o que está “combinado”, mas sim a capacidade de raciocínio, a tomada de decisão, a solução de situações de jogo em equipe, isso os faz crescer como atletas, como homens, e os capacita para um desenvolvimento rumo ao alto nível. É pra isso que nós trabalhamos no basquete do Flamengo.

Fonte: Garrafão Rubro-Negro

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