Qual o limite para este Flamengo transformado no Campeonato Brasileiro? Exatamente o que a limitação técnica do time permitir. E num campeonato marcado pela imprevisibilidade como é este, qualquer previsão é mero exercício de adivinhação. O fato é que, depois da vitória sobre o Criciúma, a quinta em seis rodadas, só não é mais possível chamar de episódica a reação rubro-negra. E hoje, a posição na tabela soa mais realista do que o último lugar de semanas atrás.
O Flamengo chegou a jogar, sim, um futebol de último colocado. Só que num campeonato em que, num universo que abrange quase 70% dos participantes as diferenças entre melhores e piores são pequenas, é justo reconhecer que o rubro-negro não tem o pior elenco. Parece nitidamente um time distante de competir no topo, mas a sensação é de que o meio da tabela lhe cai bem. Mas neste Brasileiro, esta é apenas a verdade de hoje. Desmentir certezas é a especialidade desta competição.
Há algo consistente acontecendo no Flamengo. E tal consistência nasce de um time organizado e mais corajoso. Porque, se o discurso de Vanderlei Luxemburgo ainda insiste em bater nas teclas da cautela e da luta contra a queda, a prática mostrou o contrário em Criciúma. Apresentou-se um Flamengo disposto a ganhar. Diferente do time que pensava pequeno, que entrava derrotado, em especial fora do Rio. Talvez por ter ganho corpo, confiança. Por acreditar na sua organização.
O que Vanderlei não tem como corrigir é a limitação técnica, já exibida até mesmo em vitórias recentes. Exatamente o que impediu o Flamengo de finalizar mais num jogo em que predominava, mesmo no campo do rival. No ataque, Nixon e Arthur atuavam muito mal. O time tinha velocidade, em especial pela esquerda, nas combinações de Éverton e João Paulo. Na direita, Leonardo Moura fez ótimo jogo. Pelo meio, Canteros tentava ser o homem da criação. Mas, invariavelmente, faltava o passe final, o toque de talento para desmontar uma defesa. Neste momento, o Flamengo ainda tem carências.
Mesmo assim, foi o Flamengo quem acertou duas vezes a trave rival. E que, no segundo tempo, teve substituições que o lançaram à frente.
Este Flamengo ainda não é brilhante. Talvez não tenha como ser, por falta de vocação. Mas parece ter recuperado a identidade de time grande. O que já basta para impor respeito em algumas situações. A vitória em Criciúma foi absolutamente justa.
Fonte: Blog do Mansur