O Maracanã cheio é capaz de grandes feitos quando se trata de Flamengo. Seja pela posição na tabela, seja pela capacidade técnica dos times, pouca coisa indicaria que o rubro-negro fosse capaz da virada que conseguiu diante do Atlético-MG. Difícil era convencer a torcida de que não seria possível ganhar.
Há algo claro na atual caminhada rubro-negra. O torcedor do Flamengo decidiu aceitar todo tipo de limitação. Só quer ajudar. Em troca, não espera nada mais do que esforço e o time corajoso que gosta de ver com a camisa do clube. Contra o Atlético-MG, viu. Aliás, viu um segundo tempo de um time que buscou obsessivamente a vitória. O combustível veio da arquibancada.
A diretoria teve méritos ao rever o preço dos ingressos. Há mais cara de Flamengo no ambiente do Maracanã.
Vanderlei Luxemburgo também acertou. Altos e baixos de sua carreira à parte, um fato é inegável: conhece intimamente a cultura do clube. E soube trazer a torcida para o jogo, para o campeonato. Deixou claro que precisava de ajuda. E teve.
Curioso que, contra o Atlético-MG, ele pareceu se precipitar. Cedo demais, perdeu a crença na formação que ele próprio escolhera. Mudou radicalmente o sistema de jogo logo aos 24 minutos. Desde os nove minutos, o Atlético-MG já vencia. E é verdade que o gol se desenhara ao menos duas vezes antes. Sobravam espaços entre os meias e os zagueiros de um Flamengo que, ao perder a bola, não tinha compactação. Ficava oferecido à velocidade do rival.
Mas, com a bola, o rubro-negro não jogava sua pior partida. E Luiz Antônio estava longe de ser um desastre. Acabou sacrificado. Se havia alguém tecnicamente muito abaixo, era Arthur. Mas Luiz Antônio saiu, Nixon entrou e o Flamengo pareceu piorar. Perdeu presença no meio-campo, trocou menos passes.
Individualmente, atuações como as de Cáceres, Márcio Araújo e Arthur mostravam o quanto este Flamengo precisa de ajuda. Pois veio o segundo tempo.
Nele, Vanderlei acertaria decisivamente. Eram 17 minutos quando trocou Arthur e Márcio Araújo por Mugni e Eduardo da Silva. Ganhou qualidade técnica com o croata. Fez o time se lançar ao ataque corajosamente. E aliás, o Maracanã cheio gosta de ver o Flamengo com coragem, mesmo que limitado.
Àquela altura, o apoio já era incondicional. Não seria fácil. Não sobrava talento em campo. Tanto que o primeiro gol é achado num pênalti tolo de Pedro Botelho em Eduardo da Silva. Leonardo Moura cobrou e empatou.
Difícil dizer se o Atlético-MG se sentia acuado por aquele Maracanã que pulsava ou se vivia mais uma etapa de seu recente histórico de atuações acomodadas. Fato é que quem queria, e muito, vencer o jogo era o Flamengo. Veio o gol de Eduardo da Silva, em bonita cabeçada. Nitidamente, o croata mostra que seus fundamentos o tornam capaz de decidir jogos em nosso futebol doméstico.
O Flamengo mais popular reencontrou sua gente. Se abriu quatro pontos da zona de rebaixamento, é de bom tom agradecer a ela.
Fonte: Blog do Mansur