Deus existe? Pergunta difícil, daquelas que é melhor pular ou pedir ajuda pros universitários. Mas também é daquelas questões que não dá pra ficar em cima do muro, você precisa se posicionar. Se na hora que te perguntarem der um branco peça maiores detalhes e vá ganhando tempo antes de comprometer a sua alma imortal pelo resto da eternidade.
Para alívio dos indecisos, assim como a república, o futebol também é laico. Mas o fato de existirem ateus que não acreditam em Deus e agnósticos que por Ele não colocam a mão no fogo, até mesmo no seio da nossa preclara e bem vestida torcida, não significa que Ele não exista. Vamos observar.
Numa abordagem teísta da questão, aceitando-se como fatos não apenas a Sua existência como também a Sua onipotência, onisciência e onipresença, não é ilógico supor que o futebol esteja entre os Seus muitos interesses. Há até os mais fanáticos que incluem a diabólica Regra 11 – Impedimento, como prova irrefutável de Sua existência e apreço pelo bárbaro esporte bretão. Já que para a justa aplicação da regra se requer do arbitro o divino poder de olhar para dois lugares ao mesmo tempo e o discernimento para julgar se a presença de um ou mais jogadores influíram na conclusão de uma jogada. É como se os deveres do arbitro confirmassem que quando dois ou mais se reunirem em Seu nome Ele estará entre nós. O que também prova que o Tira-Teima e o Vídeo-Tape não são apenas burros, também lhes falta a fé.
Continuando a considerar a hipótese de Sua existência e Sua consequente presença em nossas peladas dominicais, não seria maluquice imaginar que para Deus o futebol, ao lado da música, da poesia e das artes marciais, seria utilizado também uma forma de transmitir ensinamentos e valores morais tais quais a honestidade, a justiça e o amor perfeito. Pelo menos entre as civilizações criadas à sombra das religiões abraâmicas e que na falta de coisa melhor pra fazer adoram sair na porrada por motivos torpes.
Nesse sentido, e sem qualquer prejuízo à crença na Revelação de Zico, nada nos impede de crer que Deus fecha com o certo e que sempre que é preciso Ele dê uma ajudinha pra nós só pra manter a palhaçada em níveis aceitáveis e não despertar a fúria das massas rubro-negras injustiçadas. A não ser que se dê credibilidade ao conceito teológico de deus otiosus, o “Deus ocioso”, um Deus criador que se distancia do mundo e não se envolve em seu funcionamento diário. Com todo respeito a São Tomás de Aquino, não boto fé.
Deixando-se de lado as distinções históricas e culturais quanto às definições e formas de compreensão de Deus em uma perspectiva monoteísta, a entidade incorpórea, o ser intangível com personalidade divina e justa, a fonte de toda a obrigação moral; em suma, o “maior existente” jamais poderia admitir que o Mengão perdesse em casa pros maloqueiros safados da ponta feia da Dutra.
Papai do Céu não deixa que essas coisas aconteçam em primeiro lugar porque a mera admissão de que o Flamengo vai perder em casa pra qualquer time treinado pelo megatraíra Mano Meneis é pecado. Em segundo lugar, o Vasco. E em terceiro lugar, e isto independe de doutrina ou profissão de fé, a gambazada há muito faz por merecer um sacode bem dado pra aprenderem que os adjutórios que vem recebendo da nata da pilantragem institucional nos últimos anos, sem contudo merece-los, são autodestrutivos e que ao fim do regabofe de iniquidades a fatura será fatalmente apresentada e eles não terão como pagar.
A torcida do Flamengo, fanática por justiça e tradicionalmente colérica com os ímpios, não costuma dar mole pros curicas. Vai pegar no pé dos arrivistas e lembra-los do abismo intransponível que nos separam em todos os campos do conhecimento humano. É bom que venham avisados que o ritmo aqui é pesadão e que se não souber brincar é melhor nem descer pro play.
Como é de conhecimento geral Deus é Pai, Deus é 10, não joga dados, escreve certo com linhas tortas, põe e tira, castiga e está definitivamente no comando. Nos vemos no Maraca, que Deus esteja convosco.
Fonte: Urublog