O Flamengo foi o mesmo dos últimos jogos na campanha de recuperação com Vanderlei Luxemburgo: time aguerrido e marcador, armado em duas linhas de quatro. Marcio Araújo saiu da direita para o centro suprir a ausência do suspenso Canteiros e Luís Antonio entrou atuando mais aberto. A melhor saída, porém, seguiu à esquerda com João Paulo e Everton.
Pelo setor criou boas jogadas no primeiro tempo, desde o chute de Everton que Cavalieri salvou logo aos três minutos até o gol de Eduardo da Silva, completando cruzamento de João Paulo e contando com a falha de Valencia e Elivélton na área tricolor.
Caiu de produção com a saída do autor do gol ainda no primeiro tempo, por lesão. Mugni mudou o desenho para 4-2-3-1 e o time rubro-negro perdeu articulação e retenção da bola, apesar do acréscimo de um meia.
Foi a senha para que o Fluminense avançasse as linhas e apresentasse de forma mais nítida o seu “fato novo”: Cícero mais centralizado, próximo de Fred. Muitas vezes um segundo atacante, indefinindo a marcação do rival. O camisa cinco aparecera na área do Fla para desviar de cabeça com perigo pouco antes do gol do Fla.
Flagrante de Cícero avançado como atacante ao lado de Fred indefinindo a marcação do Flamengo – Léo Moura centraliza e Cáceres sobra no meio.
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Também estava presente quando Fred empatou, completando cobrança de falta de Conca – Chicão reclamou de empurrão do centroavante, lance difícil para a arbitragem. O Flu terminou o primeiro tempo com 58% de posse e 7 a 4 nas finalizações.
Superior por ficar com a bola e dar companhia a Fred. Assim como corrigiu a marcação pela direita: Sem Cícero ou outro meia no setor, Jean abriu para marcar Everton, Bruno passou a esperar João Paulo e Wagner recuou mais pelo centro para ajudar Valencia na proteção da defesa que perdeu Henrique ainda na primeira etapa por contusão, entrando Marlon e invertendo o lado de Elivélton.
Flamengo no 4-4-2 das últimas partidas forte pela esquerda e com Eduardo da Silva próximo de Alecsandro; Flu com Cícero mais perto de Fred no ataque.
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O Flu seguiu melhor no início do segundo tempo, com Rafinha no lugar de Valencia, também lesionado. Na melhor oportunidade, Cícero atraiu a atenção da zaga e Fred, livre, chutou para grande defesa de Paulo Victor. O time passou a atacar bem pela esquerda, com Carlinhos levando vantagem sobre Luis Antonio.
Luxemburgo trocou o volante por Gabriel e ganhou dinamismo no setor. Mas não teve acréscimo de presença de área com a entrada de Elton no lugar de Alecsandro. Ainda assim, dominou os últimos vinte minutos de Fla-Flu. Subiu a posse de bola para 48% e terminou com mais finalizações: 11 a 10, cinco para cada na direção da meta.
Muito pelo cansaço tricolor que escancarou mais uma vez o problema crônico da equipe de Cristóvão Borges, do qual Fred saiu de campo reclamando: sem uma referência de velocidade não há desafogo na bola longa. O Flamengo avançou e o Flu ficou sem saída. Restou trocar Wagner por Gustavo Scarpa e reforçar a marcação no meio.
No final, Flu cansou, recuou e novamente sofreu sem velocidade nos contragolpes; Fla ganhou força pela direita com Gabriel e teve domínio das ações.
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Por isso a tentativa com Cícero na frente. Não exatamente algo inédito. Como bem lembrou o assessor de imprensa do Fluminense, Marcos Benjamin, o meia já havia atuado assim na Libertadores de 2008. No time de Renato Gaúcho, muitas vezes fez companhia a Washington e deixava a articulação para Conca e Thiago Neves. A intenção clara é aproveitar a boa estatura e a ótima presença de área.
Mapa de toques de Cícero ressalta posicionamento mais centralizado e próximo da área adversária: meia foi mais atacante no Fla-Flu.
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Luxemburgo não viu. Inclusive se irritou com a pergunta deste blogueiro na coletiva depois do jogo. O treinador viu o Flu no mesmo 4-2-3-1, com Cícero, Conca e Wagner se aproximando de Fred, assim como negou a dificuldade do seu sistema defensivo em acertar o posicionamento para evitar o mano a mano contra Chicão e Wallace.
Além disso, comparou a função de Eduardo da Silva com a de Conca. Mas foi Cícero quem jogou mais perto do atacante de referência. O próprio jogador admitiu ao atender este que escreve na saída do estádio.
Cristóvão vai buscando soluções. Mas a carência de um atacante rápido, entre outros problemas, vai afastando o Fluminense do G-4. As vitórias de Internacional, Corinthians e Atlético-MG complicaram ainda mais o cenário.
O Flamengo mantém o objetivo de “sair da confusão”. Abriu sete pontos em relação ao Coritiba, 17º colocado. Está a dez do Corinthians, na quarta posição. Teve a chance de mudar de patamar com vitórias sobre o fraquíssimo Palmeiras e no clássico equilibrado, mas com domínio no final. Não aproveitou. Deve seguir na zona intermediária.
Nesta análise Luxemburgo não errou.
Fonte: Olho Tático