Que os céus de toda Gália desabem sobre as nossas cabeças se a preclara torcida do Flamengo, o maior movimento de gente bem vestida do universo, entrar na onda errada e pequena de ficar de chororô por causa da inépcia dos apitadores que tem arrancado a carne do Mengão rodada sim, rodada também no Brasileirão.
O chororô, recurso bocó utilizado por 99% das equipes nacionais que não honram suas calças quando as coisas não correm de acordo com seus planejamentos, é vetado para aqueles que fecham com o certo. Mesmo após uma noite de saques (burnin’and lootin’) como a de ontem no Jardim Leonor a diretiva para torcida continua a mesma: camisa bonita, cabeça altiva e moral inabalável. Porque quem chora já perdeu e não daremos essa alegria aos buchas da arcoíris jamais.
O Flamengo até que jogou direitinho contra a São Paula. Que apesar das aparências não passa de mais um timinho safado e enrolador. Fica tocando a bola de um lado pro outro durante um tempão, mas não tem punch e exibiu uma constrangedora dificuldade para chutar em gol. Luxemburgo armou o time como se estivéssemos jogando fora de casa, achando que o empate era uma boa. É muito raro que isso aconteça, mas ontem de noite o sempre humilde Luxemburgo pecou pelo excesso de modéstia. Era jogo pro Mengão ganhar.
O Fla marcava muito, principalmente naquele pedaço do campo na frente da grande área e não deixava o São Paulo chegar. Como todo mundo viu elas só chegaram às nossas redes cavalgando a jumentice de árbitro, auxiliares et caterva. Mas nosso esquema ontem tava muito defensivo e mesmo com os espaços que nos eram ofertados pela bambizada o Flamengo era tímido no ataque. Não fosse o jovem Everton Bolt, que está voando baixo e partindo pra cima de qualquer um sem medo, e o Flamengo não sairia do zero.
É verdade que o Alecsandro, conhecido em muitas rodas de gatos-mestres como O Incriticável, é um dos centroavantes mais bizarros do mundo. Se Alecsandro usasse um terço do tempo que desperdiça pedindo cartões pra arbitragem, passeando pelos lados do campo e tentando improváveis bicicletas, pra ficar plantado dentro da área (que é o seu local de trabalho) já seria um dos artilheiros do campeonato. Ô bicho burro. Não vejo a hora de Eduardo da Silva voltar ao serviço.
Outro que tem deixado saudade é o Marcelo. Foi só o jovem volta-redondense sair do time pro Flamengo começar a tomar gols idiotas em todos os jogos. Samir, Chicão e até mesmo nosso homem-bomba Wallace tem números bem piores que o Marcelo, que merece voltar a ser titular. E já que estamos caguetando geral vou falar de João Paulo. Pra espanto de todos os fatalistas João Paulo tem demonstrando a cada dia que está aprendendo a cruzar. Nosso lado esquerdo, com Gabriel ou Everton, tem sido o desafogo de todas as nossas jogadas.
O Flamengo mais uma vez deu mole no fim e deixou que pontos preciosos escorressem pelo ralo da pia. Essa instabilidade emocional não é novidade e é sintoma da falta de confiança que ainda assola muitos dos nossos formidáveis rapazes. Mas isso é trabalho de longo prazo, não se resolve tão cedo. Se o Flamengo conseguir manter o sapatinho blindado e a seriedade no serviço pode até sonhar com alguma coisa nesse Brasileiro. Afinal, não custa nada.
Minha grande preocupação é com o aspecto moral. Viver reclamando dia e noite de arbitragem é a mais baixa forma de vida do mundo do futebol. Afasta de mim esse cálice, Flamengo.
Fonte: Urublog