Casos de racismo no futebol têm sido mais frequentes no Brasil nos últimos meses e vêm gerando críticas e protestos por parte de jogadores, torcedores, dirigentes e até mesmo do Governo Federal. Em contramão a esse cenário, uma página criada no dia 14 de setembro no Facebook tem chamado a atenção pelo “apoio” a gremista Patrícia Moreira, a auxiliar de odontologia, de 23 anos, que ficou conhecida após ser flagrada xingando o goleiro Aranha, do Santos, de “macaco”. Intitulada “Apoiamos Patricia Moreira contra a hipocrisia do Politicamente Correto”, o perfil critica justamente a definição de racismo e o preconceito contra aqueles que se orgulham de serem brancos.
A página, que usa a foto da gaúcha Patrícia Moreira e que já tem três mil curtidas, define-se como contra a hipocrisia. Em uma das postagens, o perfil critica o fato de jogadores de futebol negros, como Pelé, Tinga, Wagner Love e Robinho, manterem relacionamentos com mulheres brancas. “Jogadores de futebol realmente são muito comprometidos com sua própria raça”, afirma o perfil. Em outra publicação, há uma montagem de pessoas negras, asiáticas, nordestinas, gays e transexuais dizendo serem orgulhosos de sua raça e orientação sexual, mas considera hipocrisia chamar uma pessoa branca de racista, apenas porque ela também tem orgulho da sua cor.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o criador da página, um advogado carioca, chamado Jeferson – que não forneceu o sobrenome por medo de “retaliação – e torcedor do Flamengo disse que o que aconteceu com a gremista Patrícia Moreia mostra que o racismo anti-branco é permitido no Brasil e que as leis só protegem um lado racial. Por isso, ele criou a página, para expor as contradições da sociedade sobre esse tipo de acontecimento.
Além disso, o criador do perfil também fez críticas ao goleiro Aranha, já que, para ele, o arqueiro usou da situação para ser taxado de “coitado” pela sociedade. Na matéria publicada pelo jornal paulista, o advogado de Patrícia Moreia, Alexandre Rossato, disse, no entanto, não conhecer a página e o conteúdo das publicações, mas que pode tomar medidas judiciais contra o perfil e pedir uma investigação ao Ministério Público. Na semana passada, a torcedora do Grêmio afirmou que quer se tornar um símbolo da luta contra o racismo.
A página “Apoiamos Patricia Moreira contra a hipocrisia do Politicamente Correto” também faz duras críticas a grupos políticos de esquerda.
Sem denúncias
Segundo a Folha, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio Grande do Sul ainda não receberam nenhuma denúncia sobre a página. Caso seja investigada, a conta no Facebook pode ser enquadrada por prática de injúria racial ou racismo, de acordo com o Código Penal Brasileiro.
Fonte: O Tempo