Em meu post anterior, recebi o seguinte comentário do leitor Marcos Barboza, em meio à justificada euforia que toma conta da nação rubro-negra:
“Caro Kleber há dois dias você replicou em seu blog um comentário educado de meu amigo Leandro Duarte, o qual é seu fã, falando sobre milagres em função da sua pouca fé (falta jamais por ser rubro negro) na classificação do Flamengo para próxima fase da Copa do Brasil, tendo perdido por 3 gols lá em Curitiba. Enfim, tendo sido concretizado tal feito nesta noite passada de quarta-feira, a qual pude presenciar em loco no Maraca, eu que já fui mais seu fã outrora que hoje, por ser adepto de administração consciente, gostaria apenas de compartilhar com você como a Bíblia define fé: “é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem”. E diz mais, “a fé vem pelo ouvir”, com isso meu amigo, não há sujeito mais cheio de fé do que um rubro negro, e se os jogadores entraram com pouca fé em campo para este jogo, encheram-se dela quando nos ouviram bradar em alto e bom som nas arquibancadas do maior do mundo: Nós queremos respeito // E comprometimento // Isso aqui não é Vasco // Isso aqui é Flamengo! // Ooooooo!!!!
Saudações, educadas porém inflamadas rs, Rubro Negras.”
Estimado Marcos Barboza,
O genial João Saldanha ficava uma fera quando alguém o interrompia para uma observação a favor, dizendo sempre: “só se interrompe alguém para contestar. Aparte à favor, faça-me o favor.”
Não há nada mais saudável no processo democrático do que a possibilidade de discordar. Isto na realidade é caminhar, é evoluir, é facultar a alguém a alternativa de melhorar ou de corrigir um equívoco. Claro que uma palavra carinhosa, um elogio, afagam a alma e, como diria outra figura genial que é Francisco Horta, “Ninguém sobrevive sem aplauso”.
O reconhecimento é gratificante. A colocação contraditória, dependendo de quem a receba, ajuda e muito. Tenha a certeza de que é o meu caso.
Muito interessante, a exemplo do seu amigo Leandro Duarte, a maneira como você explica a fé. E, quando se tem fé, o milagre é possível…
Quanto a você já ter sido mais meu fã antes do que agora, pois é adepto de administração consciente, da mesma forma que ouvi, gostaria que a recíproca fosse verdadeira e que você acreditasse que mais consciente do que procurei ser como presidente ou vice de futebol, impossível. Em meus quatro anos na presidência, abri mão da minha vida pessoal para me entregar ao Flamengo de corpo e alma. Neste período, o clube retomou a sua dignidade cumprindo os seus compromissos, principalmente com seus funcionários e atletas, fato que amargurava, e quase levava a loucura, mais de 600 famílias. Jamais, em qualquer das funções via Flamengo, empreguei alguma pessoa, pois o clube vivia inchado pelos interesses pessoais ou pelo empenho em atender alguém. Houve um erro administrativo na minha gestão, quando contrariando uma determinação minha foi paga uma fatura que cheirava a autêntico jabá. Como a pessoa que “capitulou” foi por mim indicada, corrigi, repondo ao clube a quantia em que foi lesado. Este é um capítulo que torno público pela primeira vez, em que dois importantes dirigentes e um aproveitador estavam mancomunados. Todos estão vivos.
No Flamengo também fiz inimigos. Quando existe um esquema que vinha funcionando e garantindo o belo sustento de alguém, e de repente alguém acaba com isso, vira inimigo mortal. Acabei sim, com algumas igrejinhas, sendo no futebol a maior delas.
O que este tipo de gente pode falar de mim? Como o mundo, principalmente o do futebol, é testemunha da minha lisura, falam das ações na justiça, do Consórcio Plaza (Shopping) e do Banco Central. Na realidade duas aberrações que você pode verificar aqui mesmo neste blog:
Para terminar, meu caro Marcos, toda e qualquer administração deve ser consciente. Isto não é favor, é obrigação!!! Da mesma forma, toda gestão tem a obrigação de entender o tamanho do Flamengo e a importância do futebol para o clube. Quem lá estiver tem o dever de manter o futebol, coração do Flamengo, em plena sintonia com o seu torcedor. Como? Conquistando títulos, criando (Zico) ou conquistando (Romário) ídolos, que são tão importantes quanto os títulos. O ídolo é o veículo de comunicação perfeito entre a instituição e o povão.
Não importa em que pesquisa do Ibope, se a que quantifica a nação rubro-negra em 32 ou em 40 milhões de apaixonados, o que importa é que somos uma nação graças a dirigentes que nesta história pra lá de centenária conseguiram enxergar a verdadeira vocação popular do Flamengo.
Além de todos os muitíssimos títulos importantes conquistados, quanto vale esta NAÇÃO?
A dívida que está sendo composta, e em parte contestada, no belo trabalho realizado por esta diretoria, perto do valor real do Flamengo, é nada.
Muito bom trocar uma ideia como você.
Forte abraço.
Kleber Leite.
Fonte: Blog do Kleber Leite