Será que o basquete não vive as mesmas restrições das dívidas e dos problemas do Flamengo? As desculpas para os erros e para a incompetência no clube não atingem a quadra? Por que podemos vibrar com o basquete rubro-negro com a frequência e a intensidade dos tempos de ouro do futebol? Por que a Imensa Nação Rubro-Negra sempre tem orgulho do timaço de basquete do Flamengo quando entra na quadra? Por que sabemos que perder faz parte de qualquer disputa, mas que temos um time espetacular que ganha muito mais do que perde? Por que, mesmo com eventuais saídas de técnicos e/ou jogadores, o basquete rubro-negro se mantém em altíssimo nível? Por que somos em 2014 os melhores do Rio, do Brasil, das Américas e do mundo? A resposta é simples. O basquete do Flamengo é comandado por pessoas do ramo, conhecedoras do que fazem, dedicadas ao extremo e focadas no objetivo maior: o êxito. O topo da tabela.
A excelência de nossos atletas, o profissionalismo e a alma rubro-negra estão identificadas no Marcelinho. Filho do Renê Machado, meu professor de basquete nos tempos de Santo Inácio. e sobrinho do craque do basquete Macarrão, Marcelinho personifica o que esperamos de quem vista o Manto Sagrado, aliando técnica e uma disposição permanente à satisfação de vestir uma camisa que transcende os limites esportivos e contagia multidões. Ver o Marcelinho jogando, cantando o hino do Flamengo e lutando pelas vitórias emociona qualquer um. Não se trata de um garoto entusiasmado com o que faz, mas de um veterano quase no final da carreira, com incontestes serviços prestados ao esporte nacional. Embora sofrendo as dores de décadas na prática do basquete profissional, Marcelinho dribla contusões, até as graves, para fazer o que ama em dobro: jogar basquete e no Flamengo. Pode não ser mais o melhor jogador do time, nem o cestinha, nem MVP, continua sendo o exemplo do que a Imensa Nação deseja como atleta rubro-negro.
Uma vez que os demais jogadores e a comissão técnica são bastante conhecidos e não precisam maiores apresentações, vamos falar de quem dá suporte a esse sucesso. Fora da quadra vou concentrar os elogios no Marcelo Vido e no Alexandre Póvoa, uma dupla de gestores cônscios da importância desse esporte para o clube, pela tradição rubro-negra no basquete e que não mediu esforços para chegar ao ápice de um projeto estruturado, bem administrado e gerido com a competência de grandes realizadores. Marcelo Vido é do ramo, foi jogador de alto nível, inclusive na seleção brasileira. Não por acaso conquista agora seu segundo título mundial de basquete. Ganhou o primeiro jogando pelo Sírio e Libanês. Com os recursos disponibilizados mantém um elenco de primeiríssima linha, equilibrado, harmonizado, unido pelo ideal de vencer. Em resumo, temos um craque fora das quatro linhas.
O VP de Esportes Olímpicos, o meu xará, Alexandre Póvoa, também é do ramo e merece um registro especial. Envergou o Manto Sagrado por mais de uma década, jogando ao lado de ídolos rubro-negros como Carioquinha, Almir e Pedrinho. Colocou-se à disposição do clube para um trabalho no esporte olímpico rubro-negro que trouxesse resultados e orgulho à Imensa Nação. Os resultados estão aí. Seu amor pelo clube está no sangue e vou confidenciar uma cena que assisti em 03/12/2012. Seguia no meu carro em direção à sede da Gávea para votar nas eleições presidenciais do clube, quando o meu celular tocou. Era um representante da Chapa Azul me perguntando em quem iria votar. Depois me informou que eu poderia estacionar no Lagoon e seguir para o clube numa van. Ao chegar ao estacionamento do Lagoon me deparei com um senhor de idade bem avançada, numa cadeira de rodas e demonstrando saúde bastante debilitada. Ele foi colocado na mesma van que eu e trocamos algumas palavras no pequeno trajeto. Ele me disse da alegria de votar pela mudança no Flamengo e da importância daquele ato. Eu me emocionei. Pouco tempo mais tarde eu soube que ele falecera. Era o pai do Alexandre Póvoa.
Ver a quadra no domingo ocupada pelo mar de Mantos Sagrados é a metáfora perfeita para o que ocorre na vida desse clube. Nossos atletas, em todas as modalidades que disputamos, se acostumaram a ter junto com eles a força da Imensa Nação Rubro-Negra, que os impulsiona às vitórias como se participasse das disputas no campo da batalha. A felicidade desse domingo para o meu coração rubro-negro e o de outros quarenta milhões tem origem num trabalho bem executado, feito com amor e competência, sem vaidade, sem prepotência, sem soberba. Uma pena que não tenhamos um “Alexandre Póvoa” e um “Marcelo Vido” no futebol. Nesses últimos dos anos os títulos seriam mais importantes e não estaríamos na situação que nos encontramos.
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Fonte: Magia Rubro-Negra