A ausência de Guilherme quebra a dinâmica do Atlético Mineiro montado por Levir Culpi. O atacante faz o time jogar, aciona Tardelli e ainda aparece na área para concluir. Peça fundamental na execução do 4-4-1-1. Sem reposição à altura.
O técnico, porém, pecou ao escalar Pierre de início. Nem tanto pelo momento do volante por conta da morte trágica do irmão. Muito mais pela mensagem clara ao Flamengo de que entraria mais cauteloso, mesmo superior em técnica e tática. Principalmente por se preocupar em fechar o meio, enquanto o adversário é muito mais forte pelos lados.
Teria sido mais útil iniciar com Luan pela direita e Carlos voltar acompanhando Léo Moura. O lateral mais uma vez foi a válvula de escape no primeiro tempo, fazendo dupla com Márcio Araújo no 4-4-2 rubro-negro. Gabriel e Everton tentaram fazer o revezamento à esquerda e pelo centro que deu certo em alguns jogos, especialmente no empate com o São Paulo no Morumbi pelo Brasileiro. Mas a direita era o caminho.
Faltou o gol no início de alta intensidade. Depois da pressão, o Galo passou a tentar roubar a bola no campo de ataque e movimentar o quarteto ofensivo: Carlos, Dátolo, Tardelli e Maicossuel girando, tocando.
Mesmo perdendo qualidade na saída de bola com Pierre, o time mineiro fechou os primeiros minutos com 52% de posse. As mesmas seis finalizações do Fla. Mas os rubro-negros acertaram quatro na meta de Victor contra apenas uma. A mais perigosa com Eduardo da Silva, em nova jogada de Léo Moura.
Galo com Pierre à frente da defesa e Dátolo avançado fechou o meio, mas abriu os flancos para o Fla que foi forte pela direita no primeiro tempo.
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A disputa seguiu equilibrada até Vanderlei Luxemburgo trocar Eduardo da Silva por Nixon e Gabriel, que até então pouco aparecera, ocupar de vez o lado esquerdo para desequilibrar a ida da semifinal. Primeiro sofrendo a falta, quase pênalti, que João Paulo cobrou no travessão e o próprio Gabriel, desta vez pela direita, colocou na cabeça de Cáceres.
Só com a desvantagem Levir mexeu: trocou Pierre e Carlos por Marion e Luan. Depois Alex Silva no lugar de Douglas Santos, que sofreu sem proteção. Centralizou Maicosuel, Dátolo passou a ajudar Josué e o Atlético adiantou as linhas de vez.
O Fla perdeu rapidez com a saída de Everton, lesionado, para a entrada de Luiz Antonio. Canteros, com amarelo, saiu para Amaral reforçar o combate à frente da retaguarda que tinha Chicão e Samir quase perfeitos. Quando eles não conseguiram conter os ataques, apareceu Paulo Victor. Salvador em duas defesas fantásticas no final.
Com o gol de Cáceres e as substituições, o Galo avançou as linhas, mas deixou espaços para Gabriel desequilibrar. |
Só não tão espetaculares quanto a arrancada de Gabriel desde a intermediária driblando até ser derrubado por Josué, que se atirou de forma grotesca tentando parar o atacante inspirado. Chicão definiu vitória típica do Flamengo em jogos decisivos, com Maracanã cheio e sem favoritismo, nem o venenoso “oba oba” que desta vez passou longe do estádio: entrega, fibra, mística, camisa, superação pelo grito da massa. Heróis improváveis como Gabriel, até pouco tempo perseguido pela exigente torcida.
O Galo terá que ser ainda mais gigante no Mineirão para enfrentar o retrospecto nada favorável em confrontos decisivos com o rival carioca. Desta vez sem o “fator surpresa” dos 4 a 1 sobre o Corinthians. A inédita final da Copa do Brasil ficou mais longe. Resta ao atleticano acreditar em mais uma virada épica para reescrever a história.
Mapa de toques do Flamengo: time trabalhou mais pela direita, especialmente no 1º tempo. Porém foi decisivo pela esquerda, com Gabriel.
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Fonte: Olho Tático