– “Para qual time o(a) senhor(a) torce?”.
A resposta para essa pergunta determina o quanto o seu clube tem a receber de uma receita que pode chegar a mais de R$ 300 milhões. Ela faz parte de uma pesquisa feita pelo Ibope em conjunto com o Datafolha sobre compras de pacotes de pay-per-view, sistema pelo qual o torcedor paga para ter acesso às partidas do Brasileirão. Só existe um problema: o modelo atual para a distribuição dessa verba é considerado simples demais pelas equipes e abriria espaço para uma suposta “margem de erro”.
A insatisfação foi exposta por representantes da Série A nesta semana, em reunião na sede da Globo em São Paulo.
Entre eles, houve quem recorresse ao cálculo da ‘margem de erro’, motivo de chacota no primeiro turno das eleições políticas por conta da disparidade entre as intenções de voto registradas na boca de urna e o resultado final, para ironizar os números apresentados pelos institutos no encontro.
A divisão de uma cota mínima de R$ 280 milhões é feita pela Globo de acordo com um ranking que leva em consideração quem tem mais torcedores a partir dessa pesquisa de pay-per-view.
A expectativa é de que as cifras cheguem a mais de R$ 300 milhões ao fim desta temporada, disparando, assim, o “gatilho” para o rateio do excedente entre os clubes.
Com a audiência da TV aberta despencando, essa é uma verba que passou a perseguida cada vez mais pelas equipes. Flamengo e Corinthians lideram atualmente a lista e embolsam a maior parte da quantia.
“Essa reunião com a Globo foi a melhor que tivemos até hoje. O problema principal do pay-per-view foi discutido e houve colocação por parte de alguns clubes tentando entender a metodologia do Ibope. Existem situações que não são coerentes com o que se imagina, essa é a principal preocupação que a gente tem e vamos conversar com os institutos”, afirma o presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade, ao ESPN.com.br.
O Coxa ocupa hoje o 16º lugar no ranking da Globo, com 1,6% dos assinantes, recebendo cerca de R$ 5 milhões por sua fatia. A situação motivou até mesmo um jantar com o rival Mario Celso Petraglia, do Atlético-PR, na última segunda-feira, em São Paulo, para debater o assunto.
“Sou frontalmente contra o critério adotado para o ranking. O Goiás está em último, na 18ª posição, e procurei saber como é a pesquisa. Ela é da seguinte forma: você liga num lar com pay-per-view, pergunta qual time torce e, baseado nisso, você vai ranqueando as equipes dessa forma. Não é justo e teria de se abrir mais o leque. Quando você assina o programa, você não assiste apenas o seu clube, assiste outros. Quando tínhamos o Walter em excelente fase, todo mundo queria ver o Goiás, então, seria mais justo perguntar quais são os cincos times que mais acompanha, fazer o ranking e ter a média ponderada para fechar a distribuição do dinheiro”, prossegue o mandatário do Goiás, Sergio Rassi.
“Não tenho capacidade técnica de avaliar (as pesquisas), quero entender, trazer um especialista para ver se é mesmo a mais adequada e se representa, de fato, a lógica de fidelidade com a realidade. Até comentei com meu colega do Atlético-PR, que tem 1.3% do total, que eles tinham de estar mais próximos da gente, são torcidas semelhantes, devem estar equivocados (os números)”, conclui Vilson Ribeiro.
O ranking de vendas de 2014 indica quanto cada clube terá direito da receita específica de 2015 do pay-per-view. As cotas de TV aberta são fixas e foram prorrogadas em contrato até 2018.
Procurado pela reportagem, o Ibope não respondeu até o fechamento da matéria.
Fonte: ESPN