Desde 2008, os principais clubes olímpicos reivindicavam uma pequena fatia da Loteria Federal que era destinada ao Ministério do Esporte. Capitaneados por Flamengo (na figura do então presidente Márcio Braga), Pinheiros, Corinthians, Minas Tênis, Vasco, Fluminense, Grêmio Náutico União (RS) e Sogipa (RS) formaram o Confao (Conselho de Clubes Formadores de Atletas Olímpicos).
No dia 23 de fevereiro de 2011, após uma longa batalha enfrentando o poderoso lobby das Confederações, foi aprovada a MP que alterava a Lei Pelé e garantia à Confederação Brasileira de Clubes (CBC) 0,5% dos recursos destinados ao Ministério dos Esportes – os verdadeiros formadores de atletas olímpicos do país. Mas a briga não parou por aí. Por falta de regulamentação e critério para a distribuição do dinheiro, a verba ficou parada na conta da Confederação por três anos.
O Ministério do Esporte, em janeiro deste ano, assinou a Portaria que faltava para liberar a partilha, limitando o teto de 20% para os custos com o pessoal de administração. Problema resolvido? Não!
Com quase R$ 100 milhões acumulados, surgiram diversos clubes associados à CBC de forma oportunista, sem nunca ter formado um atleta olímpico, querendo também participar da divisão. Os clubes do Confao protestaram e pediram regras claras para a distribuição do recurso. Objetivo alcançado. Então, tudo liberado? Não!
Foi quando começou a luta interna na Gávea. Com as Certidões Negativas de Débito em mãos, o Flamengo precisava alinhar seu Estatuto à Lei Pelé. Com o apoio em massa dos atletas e de diversas correntes políticas que se uniram em prol do bem maior, o Rubro-Negro adequou sua Carta Magna à regulação federal e se tornou apto a receber a verba destinada aos clubes formadores.
Finalmente, foi divulgado o primeiro Edital: R$ 23 milhões. Foram definidos diversos requisitos para pontuar um projeto: relevância, viabilidade técnica, histórico de ações já desenvolvidas, capacidade técnica na execução e clareza na apresentação de metas. O Flamengo teve seus três projetos aprovados entre os cinco primeiros no ranking de pontuação do primeiro edital, e foi o clube que conseguiu obter mais recursos:
– Remo e Canoagem: R$ 1.614.741,38. (1º lugar);
– Aquisição de equipamentos e materiais esportivos: R$ 1.749.358,00. (3º lugar);
– Equipamentos para a piscina: R$ 1.999.985,10. (5º lugar);
– Total: R$ 5,3 milhões.
O próximo Edital já foi liberado e o Flamengo continua habilitado para apresentar projetos. A conclusão está prevista para o final de fevereiro. E a verba a ser distribuída é ainda maior: R$ 57 milhões. Se conseguir o mesmo percentual das verbas, pode obter mais R$ 13 milhões.
Para efeito de comparação, o orçamento dos Esportes Olímpicos, no Flamengo, foi de: R$ 18 milhões, 2010; R$ 19 milhões, em 2011 e em 2012. Só com esses dois Editais o Flamengo (caso repita a participação percentual), no mínimo, igualaria a receita.
E, nesse cálculo, estaríamos desconsiderando os R$ 8 milhões anuais da TIM para o Basquete, os patrocínios da SKY e Estácio, e o R$ 1,2 milhão via Lei de Incentivo Fiscal. Ainda estão em curso os projetos via ICMS para a reforma da piscina e a construção da academia para os atletas. Não podemos esquecer das parcerias com os Comitês Olímpicos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.
Finalmente, dá para sonhar com um legado para 2016. E um baita legado, diga-se de passagem!
Fonte: Sócios pelo Flamengo