Exatamente como eu esperava. O jogo decisivo ser no Mineirão era a cereja desse bolo. O futebol é cíclico e a história se repete. Flamengo e Atlético Mineiro se enfrentam pela semifinal de uma competição que pode garantir o tetra-campeonato Rubro-Negro. De novo. Como em 1987.
Se você tem menos de 30 anos, talvez não saiba o que aconteceu naquelas duas partidas, principalmente na segunda. Foi uma semifinal memorável, daqueles jogos que guardaremos para sempre em nossos corações. Mas a história desse confronto começou muito antes.
Flamengo e Atlético Mineiro já haviam se enfrentado em jogos mata-mata anteriormente, pelo Campeonato Brasileiro de 1980 e pela Copa Libertadores de 1981. Em ambos o Flamengo levou a melhor: foi campeão com um gol de Nunes em 1980 e passou de fase em um jogo extra contra os atleticanos, em Goiás. Esse último jogo, por conta de vários jogadores expulsos pelo lado do Galo Mineiro, ajudou a acentuar a rivalidade entre atleticanos e rubro-negros.
Lembro bem que, em 1987, quando as combinações de resultado levaram a esse confronto na semifinal da Copa União, todas as polêmicas e rivalidades voltaram à tona. O jogo se tornou uma final antecipada, uma espécie de tira-teima. Os mineiros encaravam como uma revanche, como a chance de se vingar das derrotas anteriores.
O primeiro jogo foi no Maracanã. Um estádio lotado de rubro-negros assistiu o Flamengo vencer o jogo pelo placar de um a zero, gol marcado pelo atacante Bebeto. Mas o show de verdade já tinha palco e dia: Mineirão, 02 de dezembro de 1987.
O Flamengo começou arrasador: Bebeto, aos vinte e dois e trinta e um minutos do primeiro tempo deixou o torcedor rubro-negro tranqüilo, convencido que se classificaria para a grande final. Porém, o Galo não estava morto. Já aos quinze do segundo tempo, o Atlético diminuiu e quatro minutos depois empatou. O empate servia pro Flamengo, mas a pressão mineira era enorme, até porque ainda tinha muito jogo pela frente. Quando todos acreditavam que o Flamengo não conseguiria segurar o resultado, aos trinta e quatro minutos, Renato Gaucho recebe a bola quase no meio-campo, arranca forças para um último pique, deixa o zagueiro pra trás, dribla o goleiro e marca o gol que garantiria o Flamengo na final.
O Mineirão se calou. O Brasil inteiro estava em festa. Mais uma vez, o Atlético não foi páreo para a seleção que o Flamengo tinha. Naquele jogo, eu tive a certeza que o tetra-campeonato brasileiro seria nosso.
E de repente, esse ano, toda rivalidade volta aos gramados. No campo, não teremos Andrade, Zico, Bebeto ou Renato Gaúcho. Talvez em nosso time de hoje, nenhum jogador tivesse vaga naquela seleção. Mas nas arquibancadas, a mesma Nação apoiará no jogo de ida, e marcará sua presença no jogo de volta. O final da história ainda não podemos ter certeza, mas as coincidências são muitas.
Portanto, torcedor rubro-negro, não se desespere se o gol demorar a sair no Maraca. Não se revolte se o placar magro de um a zero for o resultado do jogo de ida. Não se incomode com o choro antecipado dos atleticanos, pois esse foi o costume deles por mais de duas décadas. Se tudo isso acontecer, é apenas a história se repetindo. E o final dessa história, para os rubro-negros, é sempre feliz.
Fonte: Falando de Flamengo