A crise financeira do Botafogo não fica restrita aos muros de General Severiano: uma penhora de cerca de R$ 10 milhões em suas contas fez com que ela chegasse também a outros clubes. O motivo é que a Globo, que havia cedido parte dos direitos de transmissão como garantia para um empréstimo alvinegro, acabou sendo acionada a pagar a dívida e, a partir de então, decidiu não antecipar mais nenhuma receita para as equipes.
A postura firme da emissora tem frustrado a maioria dos times.
Com salários atrasados, diversos deles ‘bateram’ recentemente na porta do diretor executivo Marcelo Campos Pinto tentando adiantar receitas previstas para o triênio 2016-2018. A decepção é ainda maior porque havia antes da Copa a promessa de que, ao fim da competição, a situação de cada um deles seria analisada.
Não foi o que acabou acontecendo.
Nas reuniões que a própria Globo manteve nos últimos meses com grupos de cinco clubes, cada, para tratar de possíveis melhorias para o futebol brasileiro, ela expôs a cobrança recebida na Justiça, sem citar nominalmente o Botafogo, como o motivo para a sua maior dureza ao responder os pedidos.
Ela confirmou informalmente aos dirigentes ser o time alvinegro a razão de suas negativas.
O São Paulo, que conseguiu ainda no fim do primeiro semestre um adiantamento de R$ 50 milhões em suas cotas, foi um dos que procurou recentemente a emissora.
A cessão de direitos televisivos obtida pela equipe tricolor na ocasião explica o novo temor dos detentores dos direitos do Brasileirão: o ex-presidente Juvenal Juvêncio pegou empréstimo com um fundo de investidores com a Globo fornecendo as cotas de TV como garantia. O procedimento serve normalmente para se estender o prazo para pagamento de uma dívida, mudando, assim, a sua natureza.
Em caso de calote, a emissora pode ser, então, acionada, o que aconteceu no caso do Botafogo.
Dentre os demais clubes, a revolta com cariocas é generalizada. Até mesmo o choro de seu presidente Maurício Assumpção em encontro dos times com a presidente da República, Dilma Rousseff, foi interpretado como “cena” para tentar atrair solidariedade às recorrentes penhoras sofridas pela equipe.
Com três meses de salário atrasado mais sete meses de direito de imagem, o Botafogo aderiu ao Refis (programa de refinanciamento de dívidas fiscais do Governo) e conta com a venda de mandos para praças como Brasília e Manaus e a colaboração de um grupo de torcedores para aliviar a sua situação. A volta do Engenhão, prevista para novembro, poderia ser uma alternativa, mas a Caixa Econômica Federal, que negociava a compra de naming rights do estádio, comunicou a sua desistência recentemente.
Fonte: ESPN