Há algum tempo, venho reparado na evolução tática e técnica do time do Flamengo. Independente de estarmos há alguns jogos sem vencer pelo Brasileirão, é inegável que crescemos de produção. Talvez, por conta desse crescimento (e por conta dos nossos fraquíssimos adversários, lógico), confesso não ter mais medo de um possível rebaixamento. Acho que a posição em que nos encontramos será a tônica do campeonato até o final.
Porém, se, em minha opinião, não corremos muitos riscos, por outro lado estamos assistindo um time bastante burocrático em campo. E eu acho que isso se deve, em muito, por não termos o que eu chamo de ‘representante da torcida’ nos gramados. Não entendeu? Calma que eu explico.
Desde que Flamengo é Flamengo, sempre tivemos um jogador que cai nas graças da torcida e representa o grito da Nação em campo. Os exemplos são os mais variados. Podemos lembrar de Valido, que marcou gol em final mesmo estando com febre. Que tal ainda Rondinelli, limitado tecnicamente, mas intitulado como Deus da Raça e marcado para sempre na galeria de ídolos rubro-negros. Os mais novos podem recorrer ao YouTube e assistir a entrevista emocionada de Mozer, tentando explicar o Flamengo em sua vida. Aliás, o time de ouro do Flamengo era recheado de “representantes da torcida”. Lembro do Capacete Junior declarando que, quando a torcida cantava “Oh, meu Mengão” era impossível não correr o dobro e buscar a vitória.
Para não dizerem que sou saudosista ou me chamarem de velho, há pouco tempo tivemos dois grandes jogadores que eram a cara da torcida. O primeiro se chama Petkovic. O sérvio, mesmo tendo jogado em nossos rivais, foi o grande camisa 10 depois de Zico e nos brindou com a seguinte declaração: “Não conheço português o suficiente para descrever a torcida do Flamengo.” Tem como não idolatrar um cara desses? Por fim, mas não menos importante, temos Ronaldo Angelim, que não era craque, mas se criou pela sua humildade e sabedoria. Declarou que sua única vaidade era ver o Flamengo ganhar e recebeu, como recompensa, a autoria do gol mais importante do Flamengo neste século. Ídolo.
Muitos podem achar que Léo Moura é esse cara em campo, hoje. É inegável a sua importância e o tempo que ocupa a camisa 2 da Gávea demonstra isso. Mas o jogador não é uma unanimidade na torcida, além de já ter xingado a Nação Rubro-Negra. Não parece ter a personalidade que um “representante da torcida” precisa ter em campo. Talvez o Elias pudesse se tornar esse cara, mas a sua passagem pelo Fla foi abreviada no início desse ano.
Por tudo isso, é muito importante que a diretoria procure enxergar quem pode fazer esse papel na temporada 2015. A missão é extremamente difícil, pois nem sempre um grande craque pode assumir esse papel, vide a passagem de Ronaldinho Gaúcho pelo Fla. O Flamengo precisa desse cara. Talvez ele até já esteja em nosso elenco. Mas está na hora dele se apresentar!
Fonte: Falando de FLamengo