Passada a euforia pelo Mundial de Basquete e a temporada de ascensão do Luxa, voltamos ao nosso martírio do perde mais do que ganha. Depois do gol redentor do Nixon contra o Figueirense aos quarenta e sete do segundo tempo, dirão os arautos do reino azul que nada está perdido e a situação continua sob controle, que deixemos a diretoria trabalhar. Mas, permaneço preocupado com os descaminhos dessa gestão, digam o que quiserem os seus simpatizantes. A tal austeridade passou ao largo do futebol, só economizaram ao não fazerem contratações corretas. E o preço que pagamos tem sido a tortura no Campeonato Brasileiro. Quando pensamos ter escapado da Zona da Degola, eis que os fantasmas do rebaixamento voltam a nos assombrar.
Em tempos de instituto renomado de pesquisa confundir a Aracy de Almeida com a Gisele Bundchen na margem de erro, estou desconfiado. As mosquinhas azuis não me picaram a ponto de acreditar piamente em tudo que dizem e as profecias de Pai Dudu não são confiáveis. Entramos numa sequência assustadora de pontos perdidos, dentro e fora de casa, e nosso dublê de profeta e presidente viu o milagre da transformação de gordura em pó. Estamos outra vez com a linha d’água no queixo. Aliás, a linha de lodo no queixo.
Pendurados no pau de arara do Brasileirão, os azuis se recusam a confessar seus pecados. Agora os algozes travestidos de qualquer camisa, alguns até descamisados, começaram a aplicar choques nos países baixos. Em breve teremos os voos sobre a Baía de Guanabara com os pés concretados e aí será tarde demais. Cada rodada de tortura piora nosso estado psicológico e a agonia ronda a mente pressionada, dificultando o raciocínio. Daqui a pouco vão confessar até o que não fizeram e serão sacrificados.
A legião incansável de adeptos à causa, a Imensa Nação Rubro-Negra, continua fazendo o possível e o impossível para empurrar nossos achincalhados guerrilheiros. A Magnética tem certeza de que quem sabe faz a hora e não espera acontecer. Por outro lado, no aparelho gramado do Maracanã não cabem quarenta milhões e ficamos limitados aos onze que entram em campo de batalha e o comandante, Che Luxa. Não tendo o Zico para resolver, o Pofexô colocou o chapéu pensador do Professor Pardal, com urubus no lugar dos corvos, e criou o pojeto contra a “confusão”. A cada passe errado, a cada oportunidade não criada eles sangram as veias abertas da incompetência, as feridas da inabilidade, as cicatrizes da improdutividade. E a tortura lhes afunda a cabeça no tonel de água até quase não conseguirem respirar.
Não perdemos a guerra, porém trabalhar é preciso. Se todos rugem às carótidas estufadas quando o grito da massa ecoa, então passa da hora de pontuar. O final se aproxima, o inimigo insensível sorri de nossa pouca sorte, há desafetos nos esperando no exílio da segundona. Faca entre os dentes, na caveira, no olho dos torturadores. Vamos virar esse jogo, custe o que custar. Temos que endurecer e perder só a ternura. Já estamos no segundo turno, a campanha foi ruim, mas o adversário não é imbatível. Melhor do que isso, jamais nos venceu. E nas urnas da Imensa Nação mandamos nós.
Que nos perdoem as cinco estrelas que simbolizam o Rio de Janeiro na bandeira nacional. Chamaram-nas de Cruzeiro e nós vamos apagar o seu brilho. E se camisa ainda é azul, a motivação aumenta. Tudo vale a pena se alma não for pequena. E somos gigantescos, muito maiores do que os azuis. Qualquer azul.
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Fonte: Magia Rubro-Negra