Toda criança tem um sonho, o sonho de ser jogador de futebol, e por este sonho está o de jogar por seu clube de coração, de jogar pela seleção e ser campeão. Também tive este sonho e até cheguei perto de realiza-lo, mas infelizmente não consegui e a vida tomou outros caminhos.
Mas alguns sonhos acabam um dia por se realizar, não era o Maracanã, eu não estava jogando pelo Flamengo e ainda por cima com um belo estiramento na coxa que mal me deixava caminhar direito.
Mas como não superar a dor ao ver do outro lado Cláudio Adão, Julio Cesar, Marquinhos, Nélio, Beto, Piá e cia. Como não superar a dor ao ver torcidas como a Jovem, a Flanaticos e outras cantando o hino, as músicas que fazem o Maracanã tremer, era só fechar os olhos e se imaginar pisando na grama sagrada do Maior do Mundo.
O tratamento dispensado por estes ídolos do passado, o carinho mútuo, as brincadeiras, os agradecimentos de ambos os lados só me fizeram admirar e ter ainda mais respeito por estes jogadores que tanto nos fizeram rir e chorar em alguns momentos de alegria e tristeza.
Pude também sentir o que se passa na cabeça de um jogador quando enfrenta o Flamengo e sua torcida, e posso dizer com toda certeza que não é nada fácil enfrentar essa torcida, mesmo sendo em um estádio acanhado sem a grandeza do Maracanã, a magnética apoia mesmo sendo o time de Master, e ainda assim ela faz um adversário tremer.
Dentro de campo muitas partidas do passado vieram a minha cabeça, olhava o Marquinhos e me lembrava dos gols que ele fez nas duas partidas fantásticas contra o São Paulo pela final da Super Copa de 93, ao ver o Beto como não lembrar das embaixadinhas de 2000 contra o Vasco. Olhava para outro lado e via o Piá e já me lembrava dos cruzamentos para o Gaúcho estufar as redes do Botafogo no penta em 92.
E o Julinho… aqueles dribles desconcertantes nos laterais que nem na base da porrada conseguiam deixar de serem entortados por ele. O Julinho que ofuscou o Pelé em um amistoso contra o Atlético-MG em um amistoso nos idos de 79. Este mesmo Julinho tão simpático e tão torcedor como eu e vocês, a emoção em vê-lo nos mandar um recado foi como um gol marcado no Maracanã e correr de braços abertos em direção a geral.
Juro que ao entrar em campo com estes craques me lembrava das narrações de Waldir Amaral, Jorge Cury, José Carlos Araújo, os gols do Zico, Nunes, Adílio, Júnior, Leandro e outros craques.
Além de realizar esse sonho pude também começar um outro sonho, afinal de contas vi o meu filho Arthur, jogando uma preliminar com a camisa da escolinha do Flamengo, com a torcida cantando o tempo todo e apoiando o time dele, se faltou um gol dele, sobrou disposição e elogios, inclusive de alguns ex-jogadores que se encantaram com aquele “garotinho magrinho e baixinho de meia atacante” que quase fez um golaço. Quem sabe um dia não o veja lá no Maracanã com o Manto Sagrado e eu de bandeira na mão, o Maraca sendo nosso, só posso dizer que vai começar a festa.
Obrigado e Saudações Rubro-Negras.
Marcelo Neves
Fonte: Flamengo RJ