Amar [o Flamengo] é mudar a alma de casa.

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O Quintana não se importaria. Ele deve saber que para mim, só existem duas formas de declaração de amor ao Flamengo: através da poesia e da arquibancada. Poesia e Arquibancada. Meus espaços e momentos de declaração de amor. Com esse clima, celebrei nossos 119 anos, com corpinho de 18. Isso mesmo, corpinho de 18, afinal, o Flamengo tem a vida toda pela frente, tem um mar rubro-negro de possibilidades, de sonhos a realizar, de títulos para conquistar. No dia do aniversário desse “menino Flamengo”, dá vontade de cantar Cartola para ele…de dizer …”Olha só, o Mundo Rubro-Negro é um Moinho, que por vezes reduz nossas ilusões a pó” como naquela recente e fatídica partida contra o Atlético-MG, lá no Mineirão. Mas, com o fim da tempestade, o sol nascerá. É sempre assim.
Por isso, o sentimento é esse de poesia do Quintana: nossa alma muda de lugar, tem outra casa, quando estamos amando o Flamengo. Cheguei na Gávea com o coração apertado – ele é mais complicado que as nossas laterais, mais confuso que o meio de campo, é tão frágil quanto o elenco do Flamengo –  cheguei fora do horário combinado, resisti em levantar da cama. Mas, eu tinha a certeza que ela  – a minha alma – seria transformada assim que eu chegasse “em casa”. Uma roda de samba, uma cerveja gelada, com o Nunes de um lado…o Julio César de outro…o Adílio logo ali… tinha também o Neto e seus meninos prodígios…e os Embaixadores [esses rubro-negros que venero tanto] sendo Flamengo… nos melhores momentos de Flamengo. O presidente circulando…e eu com tanta coisa pra perguntar pra ele…E tinha os amigos, os novos, os velhos, e os que ainda vão chegar…tudo isso ali… numa “arquibancada” de alma rubro-negra importalizada na inauguração do FLA EXPERIENCE, uma exposição interativa que conta a incrível história das nossas glórias. O clube precisava disso. Desde que ficamos órfãos do projeto do museu [ainda penso que precisamos de um], a Gávea precisava brindar torcedores e turistas com HISTÓRIA, MEMÓRIA, com VIDA rubro-negra. E essa experiência de Flamengo, que ainda pode ser aperfeiçoada – com um dia com entrada grátis, com iluminação na sala de troféus, e com uma possibilidade de cada um deixar gravado ali sua declaração de AMOR ao Flamengo, por exemplo – legitimou que minha alma rubro-negra mudou mesmo de lugar, com o lindo convite que recebi para escrever um pequeno texto, para a linha do tempo da exposição, que compreende o intenso e desafiador período de 2010 a 2014! Minha alma tá na Gávea.
E entre abraços, conversas sobre o futuro político do clube, debates sobre as eleições do Conselho, lembranças do que vivemos, momentos do Flamengo que marcaram nossas vidas, lembrei que precisava passar no lançamento do livro do Silva, o Batuta. A literatura do futebol, especialmente do nosso futebol, transforma vidas. E lá estava o Silva, feliz, devidamente reverenciado, com aquela pose de príncipe africano, que eu tanto admiro. Até que uma foto foi projetada na parede. Ele e Ela. Ela e Ele. E alinhavando essa história de amor…o Flamengo. Suspirei. Naquele momento, entendi o motivo de estar ali. Eu que nem queria levantar da cama. Por um instante, eterno, a minha alma-casa foi habitada pelo amor rubro-negro, buscando um sonho em forma de desejo. E, nessa semana que perdi amores, entre eles o Manoel de Barros, lembrei de uma definição do poeta: Poesia não é pra compreender. É pra INCORPORAR. O Flamengo também.

Fonte: Magia Rubro-Negra
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