O São Paulo perde para Cruzeiro e Atlético na lista dos clubes que mais arrecadam com o sistema pay-per-view. Há três anos, tinha 11% da divisão. Hoje, só 7%. Isso representa R$ 13 milhões a menos do que receberia se mantivesse o nível anterior.
Flamengo e Corinthians são os líderes do pay-per-view, seguidos por Cruzeiro, Atlético, Grêmio, São Paulo, Palmeiras e Vasco, nesta ordem.
Na soma dos direitos de TV aberta e fechada, o São Paulo está na frente dos mineiros: R$ 110 milhões x R$ 90 milhões.
Há três anos, Palmeiras e Vasco ganhavam de Cruzeiro e Atlético. Ficaram para trás.
“A razão da perda é não ganhar títulos”, diz o vice-presidente do São Paulo, Ataíde Gil Guerreiro, falando especificamente sobre seu clube.
O São Paulo tem chance de ficar com uma taça em 2014. O Palmeiras, nenhuma.
O Cruzeiro teme que o São Paulo sinta “o cheiro do título”. Foi assim que o gerente de futebol celeste, Valdir Barbosa, definiu a hipótese de o time de Muricy Ramalho vencer em Criciúma hoje e o Cruzeiro empatar com o Botafogo, no Mineirão. Nesse caso, o São Paulo terá chance de duas taças em 2014.
Do título brasileiro de 2008 para cá, o São Paulo só ganhou a Copa Sul-Americana. Seis anos com apenas um troféu significam R$ 13 milhões a menos nos cofres –e isso é só o pay-per-view!
O São Paulo preocupa-se com sua dívida, mas arrisca. Contratou Kaká por seis meses, comprou uma briga por Alan Kardec e tudo isso pode dar em nada, porque o Cruzeiro é o virtual campeão brasileiro.
O São Paulo vai se classificar para a Libertadores e brigar para ser campeão da Copa Sul-Americana. E mesmo assim perdeu espaço no mercado para Cruzeiro e Atlético nos últimos três anos.
Lutar para não cair é bem pior. O Palmeiras deixou de ganhar milhões em direitos de TV porque depois da Parmalat só teve times competitivos entre 2007 e 2009. O mercado espanta-se com a quantidade de camisas vendidas, mesmo sem disputar taças. “Em 2009, fomos o quinto clube que mais vendeu produtos Adidas no mundo”, diz o presidente Paulo Nobre.
Não por coincidência, foi a última vez que o Palmeiras disputou o título brasileiro até o último dia.
O equilíbrio é bem melhor do que austeridade ou ousadia. Dentro do Cruzeiro, há quem tema a explosão das contas no ano que vem. O diretor-executivo Alexandre Mattos argumenta que não gastou. “O mérito foi atrair os investidores”, diz.
A dívida do Cruzeiro explodiu e está perto dos R$ 100 milhões, contra R$ 150 milhões do São Paulo, R$ 300 milhões do Palmeiras. Ninguém deve defender o endividamento. É possível montar uma equipe competitiva com mais visão do que dinheiro. É a equação perfeita. Mas os números da TV são elucidativos: ganha mais quem tem o time mais forte.
Fonte: Folha de São Paulo