Quase um ano depois de Héverton entrar em campo de forma irregular, o que acabou rebaixando a Portuguesa para a segunda divisão, o Ministério Público de São Paulo admite que a investigação sobre o caso não avançou em nada desde janeiro de 2014. Segundo o promotor Roberto Senise, responsável pelo início do inquérito, o órgão não encontrou mais nada para ajudar a decifrar os mistérios que ainda cercam o episódio.
Sendo assim, o órgão ainda não tem ideia de quando conseguirá concluir o processo. Ainda de acordo com Senise, até agora não apareceu nenhum indício que leve a acreditar que Flamengo e Fluminense, bem como qualquer outro clube, tenham a ver com a falha na escalação do jogador do time do Canindé. Até por isso, não há nenhuma chance de que diretores dos dois times cariocas sejam chamados para darem depoimentos sobre a última rodada do Campeonato Brasileiro 2013.
“De janeiro para cá, não houve nenhum avanço. Nada avançou na investigação. O que não significa que ela esteja parada. Ela continua andando, a apuração continua sendo feita, mas não há, no entanto, nenhum elemento novo que nos ajude a desvendar o caso. Vamos ouvir mais depoimentos nos próximos dias, até fevereiro do ano que vem temos encontros marcados. Mas por enquanto, nada nos faz crer que nossa suspeita de que alguém ganhou alguma coisa seja correta”, afirmou o promotor, em contato com a reportagem.
“Não vamos chamar ninguém de nenhum dos clubes para depor por enquanto, porque não há motivo. Do que temos até agora, nada nos leva a acreditar que o Fluminense ou o Flamengo tenham a ver com o caso. Eles só serão chamados se houver dentro da nossa investigação alguma pista ou algum elemento que nos aponte para eles. Hoje, não há nada disso. Por isso, não há suspeitas sobre eles”, completou.
Em agosto, o então responsável pela investigação no Gaeco, o grupo de elite do MP, que cuida da parte criminal, José Roberto Fumach, já havia admitido que seria difícil chegar a alguma conclusão sobre o caso.
“Não apareceu nada de novo desde que o caso veio para cá. Acho que será difícil chegar a algum lugar. Não achamos nada que nos indique alguma coisa, algum suborno ou qualquer coisa ilícita. Nem as movimentações bancárias nos deram dicas importantes. Não posso comentar o que o outro promotor dizia, até porque ele esteve muito mais próximo do que eu, mas o que posso falar é que não há prova de nada e hoje também não saberia te dizer qual seria uma suspeita”, afirmou Fumach para a reportagem, na ocasião.
Desde o início do inquérito, o que mais motiva o Ministério Público a sustentar que não foi uma simples falha é o fato de que há provas de que a Portuguesa sabia que haveria o julgamento do jogador, o que mostra que não houve um esquecimento, segundo o órgão.
“Chegou até mim um e-mail que mostra que a Portuguesa sabia que haveria o julgamento do Héverton naquele dia 6. Isso contraria o que o clube disse algumas vezes de que não foi avisado que o jogador seria julgado. O e-mail foi enviado pela federação para o vice-presidente de Futebol”, afirmou Senise, em janeiro, para o ESPN.com.br.
“Com o que temos até agora, entendemos que alguém ganhou alguma coisa com isso, não foi uma simples falha. Ainda estamos investigando quem teve essa vantagem e qual foi ela”, completou, à época.
Outra coisa que sempre chamou a atenção do MP no caso Héverton é a mudança brusca de hábito no tráfego de informações na Portuguesa na última rodada do Brasileiro. Pelo menos seis pessoas no clube sabiam que o atleta seria julgado no (STJD), e quatro delas tinham a informação documentada.
Na organização interna do clube, o julgamento deveria aparecer ao lado do nome do jogador, em uma pasta que é utilizada pelo jurídico e pelo departamento de futebol. O espaço, porém, estava em branco, e ninguém avisou para a comissão técnica, que acabou escalando o atleta.
Outro dado importante é que, em todos os jogos, o auxiliar do técnico mandava a escalação com antecedência, uma outra oportunidade para a prevenção de erros desse tipo.
Fonte: ESPN