A distância entre o real e o sonho é bem maior do que pensam dirigentes. E projetos exigem recursos e credibilidade. A duas semanas para que Eurico Miranda, cuja chapa venceu as eleições do Vasco, tenha sua escolha referendada pelo Conselho Deliberativo, uma conversa neste fim de semana entre o futuro presidente e o antigo dirigente Fernando Lima, que levou o basquete do clube nos anos 90 aos bicampeonatos brasileiro, sul-americano e da Liga Sul-Americana e ao vice no McDonald’s Open (diante do San Antonio Spurs, da NBA) pode levar Lima a reassumir a pasta de Quadra e Salão.
Se isso ocorrer, Lima terá de reconstruir o basquete vascaíno, sem título estadual desde 2001, quando venceu o duelo com o Flamengo de Oscar. Antes, em 1999, foi campeão brasileiro pela primeira vez sobre o rival. Já em 2007, quando jogadores do Brasília representavam o Vasco, o clube perdeu para o Flamengo.
— Eurico ainda não me convidou para cargos, mas se quiser não haverá problema — afirmou Lima. — Eurico prioriza o remo, a origem do clube, e o basquete, do qual os vascaínos mais gostam depois do futebol. Os paralímpicos também têm ido muito bem.
Para Lima, a situação é preocupante. O clube tem de recuperar ginásio e piscina. Sobre técnico, deixou escapar.
— Informalmente, conversei com Hélio Rubens (treinador dos anos 90), que tem carinho enorme pelo Vasco. Mas temos também o Christiano Medeiros, das seleções de base — disse Lima, que quer reacender o clássico. — Vasco e Flamengo têm rivalidade sadia, mas precisamos de patrocínios específicos, além de Certidões Negativas de Débito, para tocarmos projetos de lei de incentivo.
Já o vice de Esportes Olímpicos rubro-negro, Alexandre Póvoa, acha espetacular o possível retorno do Vasco às quadras:
— Apoiamos que todos os times de camisa do Rio voltem a ter equipes competitivas. Temos que ser adversários na quadra, mas, fora, lutar por um basquete forte e novos ginásios.
CAMPEÃO MUNDIAL, FLA É REFERÊNCIA
Se o Vasco terá de superar uma dívida elevada, falta de ginásio, de jogadores (o time campeão do Rio Open se desfez) e patrocinadores, o Flamengo vem investindo forte e coleciona títulos, como Mundial, Liga das Américas, tri do Novo Basquete Brasil e deca estadual. Nos dias 18 e 27, vai lançar, o segundo projeto Anjo da Guarda, que convoca a torcida a repassar ao clube 6% do Imposto de Renda devido (empresas repassam 1% do imposto).
— Em 2013, com 822 participantes, foi captado R$ 1,2 milhão. Este ano, esperamos 1,5 mil participantes e R$ 2,5 milhões (em especial para a base) — calculou Póvoa. — Os esportes olímpicos, quando assumimos, tinham déficit de R$ 17 milhões/ano. Baixamos para R$ 3 milhões por ano. Em 2015, queremos torná-los autossustentáveis, sem o futebol.
Depois de bater Franca por 89 a 72 na quarta-feira, no Tijuca, com portões fechados — o Ministério Público interditou o local pela falta de certidões do Corpo de Bombeiros; do Grupamento Especial de Policiamento de Estádios, o Gepe; do Conselho Regional de Engenharia, o Crea; e da Vigilância Sanitária — o Flamengo não sabe onde jogar no Rio, caso a interdição continue. As próximas partidas no NBB serão fora, terça e quinta-feiras, com Minas e Uberlândia. Em casa, serão nos dias 25 e 27, com Pinheiros e Palmeiras, no Tijuca. Segundo Póvoa, o time pode ir para Manaus, Cuiabá ou Fortaleza, com cotas; ou jogar na Gávea, Caio Martins, Miécimo da Silva ou Macaé.
Fonte: O Globo