Chaves na Ilha de Marajó ainda guarda aspectos e características do vilarejo erguido na linha do litoral pelos primeiros colonizadores da região no século 18. A vida segue o ritmo lento e pacato de quem acorda e dorme com os avisos do sol.
As casas coloridas, enfileiradas na beira da praia, já demonstram que ali mora um povo acolhedor e cuidadoso. E é nesta faixa de areia, de cerca de 6 quilômetros de extensão, totalmente plana e forrada por uma areia amarelada e banhada por água doce vinda do Rio Amazonas que o Seu Arlindo, quarta geração de habitantes da ilha, navega na paixão pelo Flamengo.
“Artesão de vista” como se titula, conta ter aprendido com o pai e avô a arte de reproduzir em menor escala diversos tipos de embarcações que observa e ainda utiliza na ilha.
Mas faz um para as crianças, faz questão de construir uma só nau: A Caravela Rubro Negra.
A tradição que começou de brincadeira hoje se tornou uma responsabilidade. “Todas as crianças da família e hoje até os amigos delas querem no aniversário o barco do Mengão”
Arlindo começou fazendo uma caravela pequena para o afilhado, Sebastião, que logo a levou para os riachos perto da praia fazendo enorme sucesso. Com o tempo todas as crianças da cidade queriam uma: “O Flamengo é uma paixão aqui e as crianças então ficam loucas com as cores eo time. Querem um barquinho para torcer e brincar”, lembra orgulhoso.
A vila se originou de uma aldeia dos índios aruans, onde os Capuchos da Província de Santo Antônio fundaram uma missão para tentar catequizar os habitantes no século 18. Por ato de Francisco Xavier de Medonça Furtado, em 1757, a aldeia adquiriu o predicado de Vila, passando a servir de centro militar em fins do século 18.
“Seu Tomaz de Aquino”, tio de Arlindo, velho pescador a mais de 60 anos, lembra com orgulho que foi seu pai, na década de 30 para 40 que levou o Flamengo para a vila. De Belém levou uma revista que falava do clube Mais Querido do Brasil e com o tempo trouxe as primeiras bandeiras e camisas. O rádio valvulado que ficava na varanda da família acompanhou muitos jogos do Flamengo reunindo amigos e parentes ao redor para a torcida.
“Era uma época boa demais. O som vinha de longe e falhava demais. Acho que comemoramos gols com horas de atraso”, ri o experiente torcedor.
Hoje as crianças promovem até pequenas regatas com seus barquinhos rubro negros nos igarapés da ilha. E Arlindo promete que assim como os portugueses chegaram no século 17 a região, estas esquadras rubro negras jamais deixarão de navegar na vila.
O filho mais novo do artesão, o jovem Francisco de 13 anos já segue os passos do pai aprendendo a manter viva a tradição. “A única exigência é sempre as cores vermelha e preta” decreta o pai orgulhoso.
SRN
O município de Chaves mais parece um vilarejo, com suas ruas largas, ora concretadas ora formadas por campos naturais, e suas casas coloridas. A praia, com aproximadamente 6 quilômetros de extensão, totalmente plana cercada por areia amarela e água doce, é um presente para quem visita a cidade. Na orla encontra-se também uma vegetação formada por longos campos verdes e árvores de grande porte.
Na região existem locais de rara beleza, verdadeiros paraísos em plena região amazônica. A paisagem natural do local, com praias e fauna e flora riquíssimas, é o cenário ideal para os amantes do turismo ecológico. Na região os visitantes podem se hospedar em fazendas, que dispõem inclusive de pista de pouso para pequenos aviões.
Quem sobrevoa a cidade se impressiona com as extensas fazendas de gado que cercam o município. A agricultura e o extrativismo também são importantes. As comunidades da região utilizam o cultivo para o próprio sustento, além pra prática da caça e da pesca para consumo e venda. De toda a população do município apenas uma minoria vive na cidade, comprovando o forte elo da população com as zonas rurais e tornando a cidade uma das menores do Brasil em termos de população
Importantes prédios pela cidade contam um pouco da história do município, como a igreja de Santo Antônio, erguida em 1888. O prédio centenário guarda imagens sacras de grande valor. Outros prédios, como a Prefeitura Municipal e a Câmara da Cidade, apresentam traços da arquitetura clássica incorporada aos aspectos regionais do local. Existem também os cemitérios arqueológicos, tendo o principal localizado na pista de pouso da cidade onde foram descobertos vestígios de um cemitério indígena e 18 urnas com ossos que os pesquisadores acreditam ser dos índios Aruã, primitivos habitantes da região que chegaram por volta de 1450 originários do noroeste do continente americano.
A cidade também é muito popular na região pelas suas festas anuais, dentre elas a mais conhecida é o Festival do Vaqueiro e do Pescador, que ocorre entre o penúltimo e último final de semana do mês de julho. Dentre as atrações que o festival proporciona aos participantes estão: a corrida de cavalo, a corrida de búfalos, os rodeios, a pesca do maior peixe, apresentação de danças regionais e a escolha da rainha da festa. O Festival do Vaqueiro e do Pescador já dura mais de 20 anos e é ansiosamente aguardado todos os anos pela população.
A cidade de Chaves é um verdadeiro convite para quem procura um local calmo e paradisíaco. A beleza natural do lugar e a forma de vida da população são fascinantes. No entanto, o que realmente chama a atenção é o carinho com que todos recebem seus visitantes, sempre atenciosos, educados e prestativos. Visitar Chaves é com certeza presenciar uma parte das muitas riquezas naturais e culturais que o Brasil possui.
Fonte: Site Oficial do Flamengo