O Flamengo disputou três tempos em 2014 – dois regulamentares e um extra. Entre Janeiro e Abril, vindo da contundente conquista do tricampeonato da Copa do Brasil, disputando o torneio estadual e a Libertadores com um elenco gasto e carente. Veio Maio, foi-se Jayme, veio Ney Franco.
Entre Maio e Julho, caos e fúria. A situação que era ruim, piorou dramaticamente. Derrotado pelo Cruzeiro em um tempo de jogo, o Flamengo passou a Copa do Mundo na zona de rebaixamento. Não foi bonito nem bacana, e deixou a Magnética™ rindo de nervoso. Na mesma rapidez com que chegou, Ney Franco foi embora.
Em 24 de Julho os tambores da Gávea rufaram para Vanderlei Luxemburgo.
Que chegou se dizendo convocado pelo clube, num acordo verbal, interessado apenas em tirar o time do que, em sua maneira bastante original de falar de futebol, chamou de “confusão”. O exercício semântico, embora tenha parecido mais uma das muitas ‘gingas’ de Luxemburgo para duelar com imprensa, funcionou.
A expressão “sair da confusão” ganhou as resenhas, as coletivas pré e pós-jogo e, muito mais importante, deu à torcida e ao elenco a noção de que um pouco de aplicação e vontade nos tirariam do fundo (literalmente) do poço.
Luxemburgo barrou, explicou, consertou e motivou um grupo dado como morto. E saiu vencendo um clássico três dias depois de assumir o cargo e conquistando 18 dos 21 pontos disputados nos sete primeiros jogos no comando.
Salvo do rebaixamento, direcionou esforços para a Copa do Brasil e lá acabou enfrentando o segundo melhor time do país. A derrota para o Atlético Mineiro foi a dose de humildade necessária para que não se crie tanta expectativa em 2015.
Ali, no meio de todo esse processo, um jogador se destacou e, sim, deve ser dele um suposto título de melhor jogador rubro-negro em 2014. Éverton chegou ao Flamengo em 2008 num pacotão encomendado ao Paraná Clube. Tornou-se uma opção dupla: como lateral, substituindo Juan, e como meia-atacante, algo bem parecido com o que faz hoje em dia no esquema montado por Luxemburgo. Campeão brasileiro em 2009, foi para o futebol mexicano, esteve no Botafogo, na Coréia do Sul e no Atlético Paranaense.
Éverton, verdade seja dita, se transformou como jogador. Aos 25 anos, está mais forte, mais rápido e mais aplicado taticamente. Tido como um jogador “moderno”, faz o que parece simples num jogo onde a posse da bola é fundamental. Recupera, avança ao ataque em velocidade, volta com a mesma rapidez para compôr defesa e barrar contra-ataques do adversário. Jogou 49 partidas (das 68 do time, até agora, este ano), fez dez gols e deu quatro assistências.
Sem Paulinho, Alecsandro e, principalmente, sem Hernane, o Flamengo dependeu demais de fontes alternativas de gols. Éverton foi uma delas, ao lado de Gabriel e Eduardo da Silva. Mais que isso, foi o escape veloz nas horas de sufoco (contra Coritiba, ainda no primeiro turno, Criciúma e São Paulo, todos fora de casa).
Prever que o 2015 de Éverton vai ser melhor, a esta altura dos acontecimentos, seria o mesmo que dizer que o ano próximo na Gávea será mais colorido. Mero achismo. Contratado até Dezembro de 2017, carregou piano atrás de piano neste ano esquisito. Tomara que carregue menos ano que vem.
Fonte: ESPN F.C.