A palavra de ordem para os clubes brasileiros em 2015 é contenção. A situação das 12 equipes mais expressivas do país é parecida. Em maior ou menor proporção, a crise financeira é realidade na próxima temporada. O campeão brasileiro Cruzeiro é quem vive maior estabilidade. No entanto, a redução no orçamento e a montagem de elencos mais humildes são a meta para quase todos.
O GloboEsporte.com apresenta um panorama dos cofres dos maiores clubes do Brasil para o ano que se inicia. Cada vez mais, o pagamento de dívidas se torna uma prática das diretorias. Pelo menos no discurso. A equação com a montagem de uma equipe competitiva junto com a redução da folha salarial é um desafio. Inter e Cruzeiro contam com um trunfo: amplo quadro social em ano de Libertadores. Os cariocas têm poucas perspectivas. Confira:
CORINTHIANS
O sucessor de Mário Gobbi terá trabalho. O clube tem dívidas fiscais acima dos R$ 150 milhões e terá que arcar com a primeira parcela – R$ 100 milhões – da Arena ainda em junho. O Corinthians prevê um déficit de R$ 44,6 milhões entre julho de 2014 e julho de 2015. O desequilíbrio fez o clube atrasar o pagamento de premiações referentes a conquistas de 2013. A saída pode ser a negociação de algum atleta, pois o clube já recebeu adiantamentos da cota de televisão e do Campeonato Paulista de 2015.
PALMEIRAS
Diferentemente da maioria dos concorrentes, o Palmeiras planeja dias melhores. Reeleito, Paulo Nobre teve apenas parte das receitas disponíveis em seus dois primeiros anos de mandato. Para 2015, o Conselho Deliberativo aprovou a criação de um fundo destinado ao pagamento de dívidas para possibilitar investimentos no futebol. O Verdão ainda não fechou com um patrocinador master, mas renegocia os termos de contrato com a fornecedora de material esportivo e espera reforçar o caixa.
SANTOS
O Santos termina 2014 com problemas financeiros. Odílio Rodrigues entregou o clube ao novo presidente, Modesto Roma Júnior, com R$ 75 milhões de dívidas, salários de jogadores atrasados e impostos a serem pagos. O clube antecipou as cotas de transmissão de todos os campeonatos que disputará em 2015 (cerca de R$ 40 milhões) para quitar débitos. Os santistas ainda devem antecipar até 40% (R$ 7,2 milhões) dos R$ 18 milhões que receberá da Huawei pelo patrocínio master.
SÃO PAULO
As previsões não são boas. Em 2014, déficit de mais de R$ 100 milhões. Para 2015, é previsto prejuízo de R$ 53 milhões. Sem patrocinador e com folha salarial perto dos R$ 10 milhões mensais, o São Paulo tem o desafio de evitar os mesmos problemas deste ano, quando atrasou salários e direitos de imagem. O orçamento para o próximo ano será R$ 284,4 milhões, e o teto salarial, R$ 300 mil. Parte da cota de TV foi antecipada, e o acerto com a Under Armour para fornecer material esportivo renderá boas cotas.
BOTAFOGO
Em profunda crise financeira, o Botafogo viu como alento a volta ao Ato Trabalhista. O acordo permite o parcelamento de suas dívidas trabalhistas e libera ao menos parte das receitas, que antes estavam 100% penhoradas. Como por enquanto não há previsão para receber dinheiro, o clube ainda não sabe qual será seu orçamento em 2015. Foi anunciada a extensão do patrocínio com a empresa Viton 44, mas sem especificar valores, nem informar o formato do contrato.
FLAMENGO
Com um orçamento aprovado de R$ 365 milhões para 2015, o Flamengo segue o padrão da diretoria atual e planeja mais uma temporada de pagamentos de dívidas. A previsão é de que R$ 148 milhões (40%) tenham esse destino. No uniforme não há espaço para novos patrocinadores. Com o acordo firmado com a Viton 44 e a rescisão da Peugeot, o Flamengo fechou o pacote de parceiros na camisa com o total de R$ 45 milhões.
FLUMINENSE
Com a saída da Unimed após 15 anos de parceria, o clube viverá nova era. A diretoria correu atrás de novo patrocinador e acertou com a Viton 44. Os cortes já começaram, principalmente na folha salarial. O Tricolor ainda se contorce para quitar as dívidas, estimadas em R$ 400 milhões, mas a expectativa é de receita de R$ 200 milhões em 2015. Existe a necessidade de negociar débitos com atletas. Em direito de imagem não pago a Fred, por exemplo, o valor é de pelo menos R$ 4 milhões.
VASCO
Investimentos modestos, cortes de gastos e busca por novos parceiros. A próxima temporada será humilde financeiramente para o Vasco – a começar pelo técnico Doriva, que ganhará menos de R$ 100 mil. Ainda devendo salários de outubro e novembro, o clube conseguiu empréstimos de R$ 12 milhões para retirar as certidões negativas de débito. O clube ainda não tem previsão para votar as contas de 2013 e, muito menos, as de 2014, que serão analisas pelo novo Conselho Fiscal, eleito em novembro.
ATLÉTICO-MG
O bloqueio de parte dos R$ 77 milhões da venda de Bernard para o Shakhtar Donetsk fez efeito em 2014 e deve continuar fazendo em 2015. Alexandre Kalil encerrou seu mandato com atraso em premiação e salários de jogadores. O orçamento anual foi afetado: as receitas diminuíram de R$ 20154 milhões em 2014 para R$ 208 milhões previstos para a próxima temporada. Com isso, somente R$ 2,5 milhões serão gastos com novos atletas.
CRUZEIRO
O atual bicampeão brasileiro não está nadando em dinheiro, mas vive situação estável. A venda do zagueiro Wallace, em junho, para um grupo de investidores portugueses contribuiu para a tranquilidade. Outros fatores são o aumento do quadro social e a arrecadação com bilheteria. O clube fechou 2014 com R$ 200 milhões de arrecadação. Até mesmo o fim do patrocínio com o banco BMG não atrapalhou as contas, já que não faltam interessados para estampar a marca na camisa do time.
GRÊMIO
Montar um time competitivo e encaminhar o equilíbrio financeiro. O objetivo parece difícil, mas é a meta de Romildo Bolzan Júnior, presidente eleito no Grêmio. Apesar do otimismo, o Tricolor ainda carrega uma dívida de R$ 276 milhões. O orçamento para 2015 gira em torno de R$ 22013 milhões. A ausência na Libertadores diminuiu tal montante em pelo menos R$ 15 mi. A folha salarial se reduzirá de R$ 6,5 milhões para R$ 5 milhões. As saídas de Dudu e Zé Roberto já contribuíram para isso.
INTERNACIONAL
O plano financeiro já está traçado. De volta ao clube, o presidente Vitorio Piffero espera gastar 60% da receita com a equipe profissional. A ideia é faturar até R$ 300 milhões e destinar R$ 180 milhões ao futebol. No entanto, as dívidas também assombram: ultrapassam os R$ 229 milhões. A projeção do faturamento passa pelos investimentos com a Libertadores e a ampliação do quadro social. O Inter vislumbra ter 12015 mil sócios até abril, o que indicaria R$ 1 milhão a mais por mês. No momento são 103 mil.
Fonte: GE