JOGOS E NAÇÃO RUBRO-NEGRA
A diretoria prevê uma redução de quase R$ 2,5 milhões com pagamento de terceirizados. Na tabela anterior pode-se notar que os direitos de imagem terão uma redução de R$ 3,6 milhões, porém os serviços de pessoas jurídicas aumentarão quase na mesma proporção (R$ 3,4 milhões), o que pode significar uma troca na forma do pagamento para alguém, já que estamos falando de aproximadamente R$ 300 mil mensais. Observa-se ainda que o clube não pretende gastar com empréstimos de atletas em 2015, o que parece um tanto improvável.
Há duas naturezas de despesas que são diretamente relacionadas a determinadas receitas. Trata-se das despesas com jogos e com o programa NRN. A primeira representa custos fixos e variáveis que o clube tem nas competições e que reduz a bilheteria líquida. A segunda representa o pagamento aos parceiros do ST.
A bilheteria estimada é de R$ 49 milhões. Como a despesa com jogos prevista é de quase R$ 29 milhões, isso projeta um resultado líquido de pouco mais de R$ 20 milhões em 2015. Como a previsão é baseada em 42 jogos, a despesa média por partida é de praticamente R$ 685 mil. Aqui também é necessário prestar atenção, Por um lado, essa despesa é bem alta e mostra o chamado “custo Maracanã”, um sorvedor da riqueza rubro-negra, digamos assim. A cada momento é preciso realçar o quão lesivo foi ao clube o modelo de privatização imposto pelo Maracanã, cuja conta é paga pelo Flamengo em sua maior parte (com a colaboração de seus rivais cariocas, diga-se de passagem, também prejudicados). Por outro lado, esse custo é menor, bem menor, do que prestações de financiamento que alguns clubes terão que honrar para pagarem “suas” arenas. No médio prazo, mesmo caro (e é urgente barateá-lo), jogar no Maracanã pode representar uma vantagem competitiva para quem não estiver endividado pelo sonho de jogar em um estádio “próprio”.
Já no Nação Rubro-Negra, há uma estimativa de receita bruta de quase R$ 37 milhões e líquida de R$ 28 milhões. A despesa prevista é de R$ 9 milhões. A previsão contempla a premissa de uma base constante de 60 mil associados ao longo de todo ano. Isso significa que a cada mensalidade que um ST paga, R$ 13,00 não vão para os cofres do Flamengo.
Essa é uma reflexão importante a ser feita. Ao custo de R$ 13,00 por adepto, fica difícil imaginar o lançamento, no futuro, de alguma modalidade de ST buscando uma faixa de contribuição mais baixa. Além disso, acreditamos que esse valor se explique, em grande medida, pela comissão da agência que cuida do plano (a CSM, ex-Golden Goal). Isso suscita a dúvida se não valeria a pena o clube passar a realizar essa operação internamente, barateando os custos de administração (ressaltando que há contratos em vigor).
O slide acima demonstra o resultado segundo o indicador EBITDA – sigla em inglês para Earns Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization, que, em português, significa Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (LAJIDA). Trata-se de um resultado operacional ajustado, desconsiderando condições que são distintas de país para país (tributos, condições de financiamento e regras contábeis). O EBITDA é bastante utilizado por permitir comparações globais entre companhias e por ser uma medida simplificada de geração de caixa.
Em outras palavras, o EBITDA é uma análise que procura isolar efeitos sobre os quais o gestor pouco consegue interferir, dando um panorama da operação em si, mostrando o seu grau de eficiência operacional.
O quadro demonstra as 4 unidades de negócios do Flamengo: Futebol (verde), Remo (preto), Esportes Olímpicos (azul) e Administrativo/Social (vermelho). O único setor com previsão de ter um EBITDA negativo é o Fla-Gávea + áreas administrativas do clube, o que significa que precisará receber dinheiro dos demais negócios. Para os outros, a previsão é de que sejam autossustentáveis.
O quadro acima demonstra o EBITDA detalhado de cada unidade administrativa. Como pode se depreender, o Conselho Gestor, formado pela Presidência, pela Procuradoria (Jurídico) e pelos Demais Conselhos, possui o maior prejuízo (R$ 5,6MM), já os deptos de finanças e marketing geram resultados positivos.
CONCLUSÃO
O orçamento geral de despesas segue bem ajustado à dimensão financeira prevista. Se o clube conseguir manter a fidelidade ao que orçou, o ano de 2015 chegará ao seu fim com um ótimo resultado operacional, sem carregar ônus para os anos seguintes. A partir de 2015, o ideal seria que o clube buscasse construir alternativas para dois itens críticos de suas finanças, os gastos com estádio de futebol e com a gestão do plano de sócio torcedor. Uma melhoria na performance desses dois itens em particular apontariam para uma folga maior nos exercícios seguintes.
No próximo artigo, começaremos a abordar o fluxo de caixa.
Fonte: Magia Rubro-Negra